domingo, 8 de maio de 2011

Thor (2011) - Um retrocesso?

 O ator e diretor Kenneth Brannagh, com uma carreira marcada por participações em adaptações para o cinema das obras do Bardo Imortal, surpreende negativamente com o filme do heroí da Marvel, que pode até agradar os menos exigentes. 

Nome Original- Thor

Diretor- Kenneth Brannagh

Roteiro- Adaptado por Ashley Edward Miller, Zack Stentz, Don Payne, J. Michael Straczynski e Mark Protosevich; a partir dos Quadrinhos homônimos de Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby
Elenco- Chris Hemsoworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Stellan Skasgaard e Sir Anthony Hopkins

Parte Técnica- Haris Zambarloukos(F); Paul Rubell (E); Patrick Doyle (TS)

Data de Lançamento - 27 de Abril de 2011 (Estréia Mundial)



   Em 2008, com Homem de Ferro, a Marvel Studios nos mostrou sangue novo no que tange a filmes de heróis. Sob a batuta do brilhante Robert Downey Jr. como Tony Stark, o filme nos apresentou um protagonista fanfarrão e imprevisível, uma imagem que fugia totalmente dos clichês do gênero e uma belíssima novidade. Depois de anunciarem o mega-projeto Os Vingadores (estréia marcada para 2012) e vários filmes como seu prólogo, muitos esperaram novas aplicações da fórmula inovadora do filme anterior. Porém, em Thor, a coisa foi bem diferente, como a sinopse pode comprovar.
    Thor (Hemsoworth) é filho de Odin (Anthony Hopkins); um orgulhoso e vaidoso guerreiro do Planeta Mágico de Asgard, terra dos Deuses Nórdicos da mitologia; e herdeiro do trono do mesmo, para inveja de seu irmão Loki (Hiddleston). Levado pela sua impulsividade, acaba gerando uma ameaça de guerra entre o seu reino e o dos Gigantes de Gelo do Planeta Jotunheim. Isso faz com que seu pai o exile na Terra para que aprenda a humildade e compaixão, tirando todos os seus poderes. Na Terra ele é resgatado pela astrofísica Jane Foster (Portman), que questiona, a partir de dados científicos, como ele foi parar ali (e se apaixona pelo herói no processo, como de costume). Enquanto isso, em Asgard, Loki acaba descobrindo que é descendente dos Gigantes de Gelo e decide tomar o trono para si.
A relação entre Jane Foster e o heroí é uma ode aos clichês
   Esta curta sinopse já mostra qual é o grande problema e, ao mesmo tempo retrocesso do filme: uma história clichê, simplória e completamente previsível do filme. Em nenhum momento o filme surpreende o espectador, que, se for muito atento ou, simplesmente, acostumado com os chavões do gênero; no momento em que Thor é jogado a Terra, é capaz de saber com precisão o que vai acontecer até o final da película. Com cenas de ação igualmente fracas e que não empolgam nem o mais animado dos fãs de ação; tem algumas cenas de comédia que divertem e tem o ponto positivo de ser uma boa adaptação do material original (com todo o seu estupro a mitologia nórdica), assim como referências a demais obras do universo Marvel; o que poderá agradar os viciados em quadrinhos de plantão. Vai na contramão dos filmes de herói recentes, que buscam não subestimar a inteligência do espectador, tramas cada vez mais complexas e inventivas; sem perder, claro, o objetivo da diversão.
A atuação de Chris Hemsoworth é uma boa surpresa. Anthony Hopkins como sempre, faz bem o seu trabalho
   Os personagens são pouco desenvolvidos, porém as atuações salvam o filme de ser um fiasco total. Chris Hemsoworth se mostra um ator versátil, com bom timming para comédia e postura altiva que todo protagonista deve ter. Anthony Hopkins nos brinda com um Odin amoroso e que impõe respeito aos seus filhos, numa boa atuação. Natalie Portman faz seu feijãozinho com arroz, em um papel que demandou nem um décimo de sua capacidade de atuação, devido ao fato de ser um papel-clichê típico; o mesmo se aplicando a todo elenco de apoio. A decepção nesse quesito ficou por conta do ator Tom Hiddleston, que fez um vilão apático,previsivel e inexpressivo; uma verdadeira caricatura (ele parece com um Sheldon Cooper, da série The Big Bang Theory, só que sem a menor graça).
  Em termos técnicos, o que atrapalha é a desnecessária fotografia tombada em um grande número de cenas. A edição é muito boa, dá um ritmo bom ao filme, com passagens constantes de Asgard para a Terra e vice-versa. A direção de arte é caprichada, com cenários belos e figurinos bem concebidos, embora não tenha gostado da inspiração high-tech que o visual mítico de Asgard carregava; preferindo algo mais clássico. Os efeitos especiais por vezes mostram-se aquem do que se espera para um filme do gênero, mas, em média, não decepcionam. E a Trilha Sonora? Ih, nem notei que existia, de tão nula e pouco impactante que ela é.
O ator Tom Hiddleston decepciona como o vilão Loki
  Brannagh, o Lawrence Olivier de nossa época, tentou, sem sucesso, colocar conflitos dignos de uma tragédia de Shakespeare na trama (já que trabalhou exaustivamente com o autor); o que até deu certa força as cenas de diálogos, porém, sem nenhum resquício da profundidade das obras do grande dramaturgo inglês. Acertou na mão ao escolher o elenco, mas errou feio na parte técnica, muito mal feita para um diretor que já mostrou capricho impar nesse quesito. Ou seja, fez um filme bem distante de suas reais capacidades atrás de uma câmera.
  Bem, pode-se dizer que Thor foi um filme de herói na contramão de seu tempo. Um filme que ficou preso a fórmulas antigas de sucesso em termos de roteiro; deixou muito a desejar tecnicamente e não ousou como muitos de seus "colegas" contemporâneos. Deixa uma pulga atrás da orelha para Os Vingadores e nos bota num túnel do tempo que nos leva aos filmes do gênero na década de 90: previsíveis, transbordando de clichês, com doses de humor e que tiram a credibilidade das adaptações para o cinema. Pode até agradar os menos exigentes que buscam uma diversão descompromissada; mas deve irritar, e muito, os fãs de quadrinhos, já acostumados a ver, na sala escura, seus heróis favoritos retratados com toda a pompa, circunstância e respeito que merecem.

Quesitos:

Atuações:6
Roteiro: 3
Técnica(fotografia e edição):6,5
Trilha Sonora: Zero
Direção de Arte (cenários, figurinos, maquiagem,etc...): 9
Direção: 5

NOTA FINAL- 5

PS: Tem uma cena após os créditos, não que seja importante; apenas mostra que vai ter continuação.

PS²: Se quiser assistir por causa de mitologia nórdica, vá ler um livro. Se está com preguiça, pegue o desenho animado clássico Cavaleiros do Zodíaco e assista a Saga de Asgard.

PS³: Natalie Portman gosta muito de seus fãs nerds para fazer um filme como esse!