segunda-feira, 6 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe (2011) - Mutantes com orgulho... e respeito que merecem

A série X-Men fez de tudo para angariar o descrédito de crítica e público com filmes bons, mas fracos e que não apresentavam nada de novo, chegando ao fundo do poço com o péssimo Origens: Wolverine. Voltando para essa idéia de prequel, agora contando as origens de Magneto e Professor X, muitos não botaram fé. Porém, Primeira Classe superou todas as expectativas negativas e se consolidou como o melhor da franquia. 

Nome Original- X-Men: First Class

Diretor- Matthew Vaughn

Roteiro-adaptado por Ashley Edward Miller, Zack Stentz, Jane Goldman e Matthew Vaughn; a partir dos Quadrinhos homônimos de Stan Lee e Jack Kirby


Elenco- James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Jennifer Lawrence e January Jones

Parte Técnica- Henry Jackman(F); Eddie Hamilton e Lee Smith (E); John Mathieson (TS)

Data de Lançamento - 3 de junho de 2011 (Estréia Mundial)



  Quando foi anunciado o reboot da franquia X-Men, nada animava os fãs: desde a escolha do ótimo Matthew Vaughn (Kick-Ass), o elenco de respeito, fotos de produção e os trailers não conseguiam animar ninguém. Desacreditados fãs foram aos cinemas esperando meter o malho, pulverizar a produção e... tiveram que morder a língua de fel. Superando espectativas, o filme mostrou qualidades únicas e impressionantes, e o mais importante, conteúdo.
O elenco do filme tem uma química brilhante
  A história interessa muitos fãs dos quadrinhos, iniciados ou não nos clássicos. Conta como Eric Lashnner (Fassbender), o futuro Magneto, foi jogado em um campo de concentração, servindo de rato de laboratório para Sebastian Shaw (Bacon) e seu futuro ensejo de vingança contra este por todo o mal que sofreu (inclusive a morte de sua mãe) e como Charles Xavier (McAvoy), abastado, consegui desenvolver teses sobre as mutações mutantes e virar um geneticista respeitado, assim como adotou Raven Darkholme (Lawrence), mutante transformista, como sua irmã. Ele é requisitado pela CIA, no ano de 1962, para investigar Shaw e sua relação com os soviéticos e acaba se encontrando com Eric e, sabendo por seus poderes telepáticos, todas as dificuldades que esse passou, se aliam para combater Shaw e impedir seu plano: criar a terceira guerra mundial para destruir a humanidade e consolidar a supremacia mutante. Xavier também tenta evitar que Eric concrteize seus planos e esqueça sua ira contra a humanidade. Com a ajuda do jovem cientista Hank McCoy (Nicholas Hoult) descobrem outros mutantes e montam uma equipe. Logo estão unidas as peças para o excelente climax em plena Crise dos Mísseis Cubanos.
James McAvoy dá novos ares ao Professor X
  A curta sinopse foi para tentar evitar maiores spoilers que possam prejudicar-vos, queridos leitores. Digo logo que o roteiro é excelente.Talvez seu grande êxito seja mostrar o lado humano que existe dentro dos mutantes, seus conflitos internos. O preconceito e a auto-aceitação são temas trabalhados com esmero e delicadeza, nítidos na tela e, acima de tudo, numa dimensão racional. Isso permitiu que os atores aprofundassem muito bem seus personagens, estes  "tridimensionais" e multifacetados. Outro tema belíssimo é a amizade construída entre os mutantes, especialmente entre Xavier e Magneto, que a primeira vista parece ser fria, mas desenvolve-se de maneira sutil e bela. Chega-se a conclusão de conexões místicas entre os dois, muito além do simples respeito e admiração. A cena em que ambos compartilham uma lembrança de Magneto mostra o quão forte esse é laço. É tranquilo afirmar que nunca no gênero foi vista uma relação construída de maneira tão profunda (e que botou muito marmanjo e fã de quadrinhos emocionado). O plano de fundo da Guerra Fria é de igual qualidade, lembra os melhores filmes da série James Bond (a caçada de Magneto por Shaw nos mais remotos cantos do planeta é simplesmente sensacional e uma homenagem claríssima e de respeito á série) e dá um toque de glamour ao filme.
   É assim, num ritmo que pontua o bom drama desenvolvido pelos atores com cenas de ação divertidas e bem concebidas, sempre buscando surpreender o espectador, e que, apesar de alguns erros de adapatação dos textos originais que desagrada, um pouco mais quem é fã (como uma Emma Frost capacho e Alex Summers, irmão caçula de Ciclope, já adulto e lutando com Xavier); chega a um grand finale indescritível em que se evita a dicotomia entre bem e mal e desenvolve-se um embate ideológico que acaba separando os dois amigos, agora obrigados a lutar um contra o outro: a guerra justa racional de Magneto contra a humanidade e o pacimismo quase religioso de Xavier; as bases dos conflitos futuros entre eles. Não existe o certo ou o errado, Magneto e Xavier podem ser considerados mocinhos ou bandidos, e o filme deixa bem claro isso. Cabe ao espectador decidir, em sua subjetividade, qual dos dois apoiar.

Michael Fassbender constroí um Magneto humano e profundo
   As atuações são brilhantes, e a química entre os atores, especialmente entre Fassbender (Bastardos Inglórios) e McAvoy (Desejo e Reparação), não podia ser melhor. Eles estão muito bem, aprofundam os personagens que estão longe de serem simples, desenvolvem de maneira bem clara os turbilhões de sentimentos que neles existem. O Magneto de Fassbender é extremamente bem concebido em toda sua complexidade, um personagem que conquista a simpatia do público de maneira avassaladora. Sua premissa de pessoa que viu os horrores que podem ser provocados pelo homem devido ao simples fato de um outro ser diferente dele o fazem amargo e revoltado, e, acima de tudo, verossímel. Kevin Bacon (Sobre Meninos e Lobos) faz um vilão de respeito como a muito não se via, maquiavélico e amoral, transmite bem o espírito ideológico do filme. McAvoy não decepciona, fazendo um Xavier mais bonachão que o de costume, porém, que não perde a austeridade e que mostra um lado mais sentimental esquecido nos demais filmes da franquia. Coube a belíssima e expressiva Jennifer Lawrence (Inverno da Alma) criar uma Mística diferente de todas aos outras, em que substitui bem a sedução e crueldade da icônica personagem por algo totalmente diferente: a timidez e a busca da auto-aceitação são suas marcas na película, e são muito bem transmitidas ao público. Aos demais, fizeram bem o seu trabalho, com menções honrosas a January Jones ( da série Mad Men) e Nicholas Hoult (da série Skins) que conseguiram transmitir de maneira brilhante as características mais marcantes de seus pesonagens: toda a sedução de Emma Frost e as dúvidas existênciais do Fera, respectivamente.
A direção de arte é excelente e retrata bem a década de 60
   A fotografia é muito boa, ágil e com tons ora claros, ora mais escuros, criam climas de ação e suspense excelentes, ajudam a ditar o bom ritmo do filme, assim como a também ótima montagem. Os efeitos especias se mostram um pouco mal feitos em algumas cenas, mas não atrapalham o conteúdo final (apenas se mostram aquem do esperado para um filme de ação com super-poderosos). A direção de arte é caprichada, com uma reconstrução de época perfeita, retrata também brilhantemente as salas de reuniões grandiosas da Guerra Fria e jogam o espectador no clima de tensão do filme. Tudo isso pontuado com uma trilha sonora soberba, outro bom elemento do ritmo do filme.
  Matthew Vaughn reuniu todos esses elementos brilhantemente. Inspirado no antigo diretor da série Bryan Singer (agora produtor), que sempre reunia bons elencos e histórias coesas em seus filme; potencializou-os, transformou-os em elementos bárbaros e criou um filme de respeito.
  Superando os clichês das própria série X-Men e de outros filmes da Marvel, como Thor e Homem de Ferro, apresentou um filme que se aproxima do brilhante Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan; e é, de longe, o melhor filme baseado nos quadrinhos da empresa de Stan Lee. Profundo e dramático, é o algo a mais, a fuga da mesmice: diverte valorizando a trama e os atores, tem uma trama melhor elaborada que as simples cenas de ação. É o retorno brilhante dos mutantes mais queridos da ficção, um golpe nos críticos de plantão e uma jóia do gênero. Um filme que enaltece um gênero recheado de padrões e clichês e um sopro de esperança do mesmo, uma amostra de que os nossos personagens favoritos possam ser mostrados com o respeito que merecem e acima de tudo, que os X-Men não se resumem ao Wolverine (que até faz uma participação especial no filme).

Quesitos:

Atuações:10
Roteiro: 9
Técnica(fotografia e edição):8
Trilha Sonora: 10
Direção de Arte (cenários, figurinos, maquiagem,etc...): 10
Direção: 10

NOTA FINAL- 9,5

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