terça-feira, 7 de junho de 2011

TOP 10- Diretores da Nova geração


  Considerei "nova geração " todos os diretores que começaram seus trabalhos atrás de uma câmera, em longas metragens, de 1990 até hoje. A maioria deles conseguiu o respeito da crítica, mas ainda brigam pelo prêmio máximo que poderiam ser laureados, contando, até, com indicações ou mesmo. Reconhecidos ou não por academias e círculos de críticos, eles são o presente e futuro do cinema contemporâneo. 

10- Neil Blomkamp
 
   Apadrinhado do premiado Peter Jackson, o diretor sul-africano merece uma posição nesse singelo top 10 por sua única obra de longa metragem (ele basicamente dirigiu curtas de ficção desde que começou sua carreira em 1996): Distrito 9, o melhor filme de ficção científica desde o clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço (1969) e o melhor dos 10 filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2009. Com uma abordagem realista, desenvolveu no revolucionário sci-fi uma dimensão sociológica sobre a relação entre homens e aliens, partindo da premissa da convivência entre eles nas favelas de Johannesburgo . Recheando o filme com temas vivos nos debates contemporêneos, como exclusão social e xenofobia, atingiu um grau de profundide nunca visto no gênero. Com uma narrativa igualmente genial, que mistura o documentário com a ficção, certamente conseguiu grande admiração da crítica e do público moderno. Seu novo filme, Elysium, é um dos mais esperados em 2012.


9- Zack Snyder
   Diretor homenageado a exaustão aqui no Blog, Snyder é certamente o futuro do cinema-pipoca. Seus geniais filmes de ação surpreendem o espectador, sempre munidos de boas histórias e um visual único e extraordinário, com uso exaustivo de slow motion e milimétricamente trabalhados, o que lhe rendeu o título de Visionário. Mostrou a necessidade de se adaptar quadrinhos não só com exatidão milimétrica, quadrinhoa a quadrino, balão por balão; mas com o devido respeito que merecem, e, é claro, adicionando elementos originais que acabam por melhorar o resultado final. Em seu único trabalho original, o recentíssimo Sucker Punch, demonstrou, acima de tudo, ousadia e inventividade. Grande baluarte da cultura pop na sétima arte, certamente ainda tem muito potencial para mostrar e agradar a todos os que admiram uma diversão inteligente.


8- José Padilha 
     O diretor carioca começou sua carreira como documentarista e ganhou renome ao buscar a verdade por trás de uma das mais controvertidas ações da Polícia Militar do Rio de Janeiro: o caso do ônibus 174. Esse contato com a cinematografia documentarista foi essencial para a consolidação pelo estilo realista, bruto e, por vezes, amargo empregado em suas duas obras de ficção, os maiores sucessos da história da sétima arte brasileira: a série Tropa de Elite. Tratando de temas como tráfico de drogas, corrupção das estruturas do poder público e violência policial, criou filmes épicos e profundos. Conquistou como poucos a capacidade de fazer o espectador se divertir (graças aos diáliogos sensacionais e as cenas épicas de ação) e refletir sobre o que o filme mostra (já que trata sem romantismo algum os temas que pretende trabalhar), demonstrando, acima de tudo, sobriedade e maturidade atrás das câmeras. Chamou logo a atenção de Holywood,  e fará o remake de Robocop, previsto para o ano que vem.


7- Stephen Daldry
  O diretor inglês se inscreveu nos anais do cinema contemporêneo devido a seus filmes com grande apuro técnic, principalmente em termos de fotografia, e minimalismo artístico. Suas temáticas, normalmente o preconceito e a superação do conservadorismo enraizado nas sociedades são tratados de maneira lírica, sem deixar, porém, de ser realista e incisivo. Em Billy Elliot (2000) e As Horas (2002) podemos verificar isso de maneira clara: são duas obras poderosas, mas que não perdem seu lado poético e sensível. Em O Leitor (2008), fez uma adaptação praticamente ipsis literis da obra de Bernard Schilink, mantendo toda a sua estrutura e profundidade temática, levando o espectador à reflexão e à emoção. Outro elemento poderoso em suas obras é o elenco, sempre bem escolhido e afinado em cena, potencializa todos os temas e objetivos que ele procura trabalhar.


6- Sam Mendes
       Com uma estética excepcional e revolucionária, os filmes desse também diretor britânico tem, acima de tudo, elencos poderosos e magnéticos, que conquistam os espectadores a cada fala proferida, e, em conjunto com a estética primorosa, o hipnotizam. Os temas de seus filmes também não deixam nada a dever a esses elementos, sendo, inclusive, engrandecidos por eles. Seja na desestruturação e hipocrisia dos núcleos familiares americanos no excelente Beleza Americana (1999) sua estréia e, ao mesmo tempo, obra prima que lhe garantiu os maiores prêmios;  ou no fraco Foi Apenas um Sonho (2008) onde escorregou em detalhes; ou então no poderoso suspense que lembra os clássicos filmes de gangster em Estrada Para Perdição (2002); e, ainda, como pioneiro na "vitenamização" da Guerra do Iraque com Soldado Anônimo (2005), os filmes de Mendes conseguem exalar a harmonia perfeita entre esses três citados elementos, que, em coordenação, atingem resultados espetaculares.


5- Alejandro Gonzalez Iñirratu
     O diretor mexicano foi sinônimo, nessa última década, de estórias surpreendentes e revolução narrativa, marcada por seus filmes picotados e re-costurados com montagem acima da média. O grande poder de surpresa de seus roteiros está na capacidade do mesmo da sair de situações pequenas, e, aparentemente, banais, em contos poderosos que investigam a fundo as relações humanas. Em Amores Brutos (2000) e na sua contraparte americana 21 Gramas (2003) investiga os efeitos de um acidente de trânsito em uma realidade microssocial, indo e voltando na linha temporal em que se situam os personagens envolvidos. No brilhante Babel (2006) busca um cenário mundial para mostrar as consequências de um homicídio acidental, mostrando como em plena era da globalização, o homem ainda tem dificuldade de se comunicar. Claro que esses filmes fragmentados se unem em finais espetaculares. Em Biutful (2010) optou por uma narrativa mais conservadora, porém não menos poderosa, no que filme que é, talvez, o melhor drama da última década. Um diretor que realmente sabe atingir os sentidos do espectador.


4- David Fincher
    Conhecido por sua dedicação ao trabalho, o diretor americano teve um início ruim de carreira ao dirigir uma continuação da fraca série Alien em 1992; se redmiu ao fazer o melhor suspense da década passada, Seven (1995) em que conseguiu um casamento perfeito entre excelentes atuações do também excelente elenco escalado, técnica apurada e um roteiro diferenciado e inteligente. Repitiu essa mesma fórmula em suspenses posteriores, como Quarto do Pânico (2002) e Zodíaco (2007), claro, que com as peculiaridades devidas. Mas foi com obras de cunho filosófico que descobriu-se sua genialidade: a primeira, Clube da Luta (1999) é um estudo da natureza humana, brutal, poderoso e, acima de tudo, inteligente e com classe; o segundo, O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), trata da vida, da morte e das diferenças entre os eres humanos, é praticamente a antítese do primeiro, devido ao seu roteiro fantástico, sua fotografia  e seu desenvolvimento poético. Infelizmente, quase atingiu o prêmio máximo do cinema com o simplório e barato (no sentido de filosofia) Rede Social (2010). Um capricho do destino, talvez, que, por saber de sua capacidade, busque conceder as glórias quando realmente for merecedor das mesmas.


3- Christopher Nolan 
    Nada é impossível para esse britânico. Com casamentos perfeitos em cena entre elencos inspirados, fotografia sombria e roteiros brilhantes, Nolan se tornou o mestre do suspense moderno; com suas estórias rechadas de mirabolantes voltas, reviravoltas e surpresas; classudas e inteligentes, mostrou que é possível, sim, unir blockbusters com o melhor do cinema arte, valorizando, a inteligencia do espectador. Desde sua estréia em Amnésia (2001), desenvolveu tramas cada vez mais tensas e elaboradas, que prendem o espectador na cadeira e demandam sua total atenção. Essa é a marca registrada de seu melhor filme O Grande Truque (2006), em que somos jogados numa intrigante rede de situações e acontecimentos, onde surpresas ocorrem a cada nova cena do mesmo. Em A Origem (2010) cria um verdadeiro universo de situações quando brinca com os sonhos e a realidade, quando interpreta o subconsciente humano e coloca como catalizador de grandes aventuras, com infinitas possibilidades de novos enredos. Ainda por cima devolveu todo o repeito para o icônico Batman, chegando a discutir em Cavaleiro das Trevas (2008), o melhor filme de super-heróis já criado, um interessante debate sobre os limites da sanidade e da legalidade.


2- Darren Aronofsky
    Mestre das obsessões humanas Aronofsky disseca de maneira nua, crua e, por vezes escatológica e brutal, o subconsciente humano, os desejos mais irracionais dos mesmos; sempre munido, claro de um apuro técnico invejável, com uso de fotografia escura e lúgrube (para mostrar a escuridão em que nossa mente vive), montagem labirintica e caprichada, assim como o uso intensivo de elementos do cenário; com roteiros surpreendentes, verdadeiras viagens ao psiquê humano. Em Pi (1998) a obsessão é o número perfeito, e a fotografia em preto e branco, um show a parte. Em Requiém para um Sonho (2000) entra no triste submundo das drogas, mostrando, com força narrativa admirável e fotografia brutal, todos os seus efeitos destrutivos. Em seu filme mais poético, porém não menos poderoso, A Fonte da Vida (2006) explora o que talvez seja a maior obsessão humana: vencer a morte. O Lutador (2008) mostra como nossos objetivos podem ser destrutivos fisicamente para serem alcançados. Mas em Cisne Negro (2010) onde potencializa toda a sua temática, libertando o monstro que existe dentro de Natalie Portman, tratando da busca doentia e destrutiva da perfeição numa trama que excede expectativas; atingindo, assim, a perfeição como diretor.


1- Quentin Tarantino
          Essa lista não teria sido feita se não fosse a genialidade desse homem. Revolucionário em todos os sentidos, seja nas temáticas mirabolantes e absurdas jogadas em um emaranhado narrativo; seja na inventividade e criatividade insuperável; seja na técnica apuradíssima; seja na escolha de elencos de ponta que reunem celebridades e desconhecidos; seja nas homenagens que faz aos seus ídolos; seja nos diálogos geniais, verdadeiros deleitee; ou seja na violência empregada em sua forma mais bruta, porém glamourosa e estritamente necessária para retratar o universo de seus persnagens brilhantemente construidos, Tarantino lançou as bases do cinema contemporâneo de sucesso, aliando tramas inteligentes e divertidas com grande perspicácia e doses de humor negro. Em Cães de Aluguel (1992) renovou a narrativa em um suspense poderoso onde nada nem ninguém estão definidos de maneira clara. Essa nova exploração narrativa foi intensificada a potência máxima em Pulp Fiction (1994), aonde intrincadas(e épicas) tramas se unem em um final avassalador. Brinca com o melhor de suas influências na série Kill Bill (2003 e 2004) sem perder o estilo inovador e a capacidade de fazer boas cenas. Chega a maturidade artística final, reunindo tudo o que fez de melhor nos demais filmes, em Bastardos Inglórios (2009), sem perder, claro, a criatividade, cometendo a ousadia de modificar a História tal qual nós conhecemos. Sem mais delongas, o universo que vive na mente de Tarantino é mais ilimitado que aquele em que vivemos e é uma verdadeira caixa de Pandora: não sabemos oque poderá sair  lá, só sabemos que seremos dominados e surpreendidos novamente.

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