Melhor Fotografia
Rush- No Limite da Emoção - por Anthony Dod Mantle
Esporte é emoção. Aqueles com carros de alta velocidade, adrenalina pura. Ao realizar um filme que envolve a Fórmula 1, esses elementos são, obviamente, obrigatórios. E o trabalho de câmera de Rush é o anzol para capturá-los. Aliada a também excelente edição, a fotografia capta os carros em seus minimos detalhes, a visão dos pilotos, as corridas emocionantes. Do cockpit às pistas; dos olhos de Nikki Lauda e James Hunt as tomadas aéreas o filme acerta em cheio, criando o clima da alta velocidade. O uso de cores vibrantes ou mais escuras também é um outro acerto, captando bem o estado de espírito das grandes figuras nele retratadas. Um trabalho de arte com função narrativa e, fatalmente, um catalizador de expectativas e vibrações na platéia.
Menções Honrosas:
A Vida Secreta de Walter Mitty- Stuart Dryburgh
Gravidade - Emmanuel Lubezky
Os Suspeitos - Roger Deakins
Django Livre- Robert Richardson
MELHOR EDIÇÃO
A Vida Secreta de Walter Mitty - por Greg Heyden
São dois os méritos da brilhante edição de A Vida Secreta de Walter Mitty. O primeiro, permitir que se construa um personagem título admirável. Com cortes bruscos, entramos na mente de Walter e nas mais absurdas e engraçadas situações de puro sonho acordado. A surrealidade das situações vem como um verdadeiro choque. No entanto, o segundo mérito e seu maior acerto, é a ausência de cortes e a opção por uma narrativa linear, algo menos impactante do que é mostrado anteriormente; técnica que nos faz questionar o que é imaginação e o que é real. E nisso reside a grande magia dessa inebriante obra.
Menções Honrosas
Os Suspeitos- Joel Cox e Gary D. Hoax
Rush- No Limite da Emoção- Mike Hill e Daniel P. Hanley
A Grande Beleza- Cristiano Travagliogli
A Hora Mais Escura- Willian Goldenberg e Brian Tichenor
MELHOR TRILHA SONORA
Círculo de Fogo- por Ramin Djawadi
O grande objetivo desse moderno Tokusatsu de Guillermo del Toro é promover uma regressão à infância, onde monstros e robôs viviam em sua guerra perene no imaginário. E, obviamente, a trilha sonora tem um grande papel nisso. Ramin Djawadi acerta em cheio nas suas escolhas harmônicas, numa mistura do clássico com o eletrônico moderno, ligados por riffs espetaculares de guitarra. A trilha pontua bem a narrativa, lembrando as melhores do gênero aventura: é mais melancólica para retratar a tristeza, suave para a tensão, animada e circense para o alívio cômico e explosiva nos momentos chave de ação. Se tudo na infância aparenta ser épico quando se trata de grandes embates fictícios, a trilha sonora atinge essa qualidade em diversos momentos da película, e faz com que a criança adormecida dentro de cada um de nós dê o veredicto sobre seus acordes: simplesmente animal. Menções Honrosas:
Rush- No Limite da Emoção - Hans Zimmer
O Mestre- Jonny Greenwood
Django Livre- Vários Artistas
Jogos Vorazes: Em Chamas- James Newton Howard
MELHOR ATUAÇÃO FEMININA
Emmanuelle Riva - Amor
Menções Honrosas:
Léa Seydoux - Azul é a Cor mais Quente
Adele Exarchopoulos - Azul é a Cor mais Quente
Meryl Streep- Álbum de Família
Jessica Chastain- A Hora Mais Escura
MELHOR ATUAÇÃO MASCULINA
Leonardo DiCaprio - Django Livre
Django Livre é um filme que trabalha em metalinguagem com o mito de Siegfried. Esse, para salvar Broomhilda, sua amada, enfrenta um terrível dragão. Na transposição para a América Escravocrata, Tarantino transformou o mitológico monstro em Calvin Candie, grande senhor de terras e sádico senhor de escravos. E, graças a Leonardo DiCaprio, este se tornou tão explosivo quanto um verdadeiro dragão. Na melhor atuação de sua carreira, o ator cria uma verdadeira aberração humana coberta por um véu de falsa civilidade. Uma metáfora ambulante do pensamento da época, em que os ricos andavam sobre vidas humanas, bens descartáveis; ao mesmo tempo que eram considerados verdadeiras torres de refinamento . Passeando por essas nuances, DiCaprio rouba todos os holofotes: mesquinho, cruel e sagaz, um personagem tarantinesco de cores negras e envolto nas trevas de seu tempo e do obscurantismo intelectual que o dominava. Chega ao limite do sacrifício em nome do personagem quando realmente machuca a mão em uma cena e utiliza esse inesperado elemento como base para um genial improviso. Só isso, por si, valeria todos os prêmios e honras possíveis.
Menções Honrosas:
Daniel Brühl - Rush- No Limite da Emoção
Jean-Louis Trintignant- Amor
Hugh Jackman- Os Suspeitos/ Os Miseráveis
Joaquin Phoenix- O Mestre
MELHOR ELENCO
Django Livre - Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson e Kerry Washington
Menções Honrosas:
Os Miseráveis - Hugh Jackman, Anne Hathaway, Russel Crowe, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Sacha Baron-Cohen, Helena Bonham Carter e Samantha Barks
O Lado Bom da Vida- Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Robert de Niro, Jackie Weaver, Chris Tucker e Anupam Kher
Álbum de Família- Meryl Streep, Julia Roberts, Ewan McGregor, Chris Cooper, Abgail Breslin, Margo Martindale, Julliete Lewis, Julianne Nicholson e Benedict Cumberbatch
Os Suspeitos- Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Paul Dano, Viola Davis, Maria Bello, Melissa Leo e Terrence Howard
MELHOR DIRETOR
Quentin Tarantino - Django LivreO rei das referências ousou. Tocou numa ferida, num tabu norte-americano. E criticou as origens de toda uma cultura de preconceito ainda não superada. E misturou o black com western em uma explosão de metáforas, sons e cores . Não seria exagero afirmar que este é o seu melhor filme. Os homenageados por sua lente e referências, dentre eles Sergio Leone, Sergio Corbucci, John Ford seguramente voltaram ao mundo dos vivos e saíram satisfeitos com o que viram. É uma obra que tem o espírito de Hollywood, por tratar do gênero americano por excelência e não esquecer que cinema é entretenimento; no entanto, se aproxima muito da direção européia, sem papas na língua; que tanto inspiraram o gênio por trás da câmera, ao escancarar uma história que poucos querem contar. Maduro como diretor, Tarantino finalmente encontrou sua "alma gêmea" nos gêneros cinematográficos e já prometeu amor eterno.
Menções Honrosas:
Abdellatif Kekiche - Azul é a Cor Mais Quente
Paolo Sorrentino - A Grande Beleza
Tom Hooper- Os Miseráveis
Dennis Villeneuve - Os Suspeitos
TOP 10 FILMES DO ANO
10- Jogos Vorazes: em Chamas (The Hunger Games: Catching Fire- 2013)- Dir. Francis Lawrence
Na lógica do universo de Jogos Vorazes, toda revolução começa com uma fagulha. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) foi essa fagulha. E para a população oprimida de Panem, tornou-se um símbolo de que a mudança é possível, de que a opressão pode ser combatida. E para o governo, um verdadeiro incêndio que deve ser contido. Se a crítica do filme predecessor foi contra o entretenimento predatório que temos em nossa sociedade, a continuação aprofunda no político e na sociedade vigiada, trazendo um clima orwelliano para as novas gerações. A heroína, frágil e traumatizada em seu interior, é vista pelo status quo como o mais poderoso dos inimigos, lançando mão de um subterfúgio radical para destruir tudo o que ela simboliza: eliminar todos os vencedores dos Jogos Vorazes. Jennifer Lawrence disseca todas as nuances do personagem, em uma atuação brilhante (e, diga-se de passagem, bem superior aquela que lhe rendeu um Oscar), dividindo espaço com excelentes coadjuvantes, especialmente Donald Sutherland, seu nemesis; e Jena Malone, a insana Johanna Mason. Em tempos de crise das adaptações de obras juvenis para o cinema, Em Chamas chega com tudo: é o melhor blockbuster do ano, é político, tem conteúdo e é incendiário; tudo na medida certa.
9- A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty- 2012)- Dir. Kathlyn Bigelow
Mais que a história da missão que matou Bin Laden, A Hora Mais Escura é um verdadeiro documentário. É um mergulho técnico na investigação da CIA em todos os seus aspectos. E essa detalhada inserção na metodologia é de extrema importância para que se compreendam as motivações de Maya, a agente protagonista. A atuação brilhante de Jessica Chastain é outro trunfo do filme: sua determinação e a perda da própria vida em nome de uma obsessão tornam Maya uma personagem poderosa e, ao mesmo tempo, humana. A verossimilhança gera a ilusão de que estamos diante dos arquivos confidenciais do serviço secreto americano. Tal realismo é reforçado pela apurada fotografia e a ausência de trilha sonora. Por fim, vale ressaltar a excelente montagem, que dividiu o filme em capítulos e assim garantiu seu excelente ritmo, extremamente fluido. Ficamos completamente seduzidos pela trama e afoitos pelo que ela tem a oferecer. Sóbrio e elegante, é um exemplo de cinematografia de mestre, desenvolvido com perspicácia e muito apreço pela melhor técnica possível. Kathlyn Bigelow acerta em cheio e mostra ao mundo todo o seu potencial como realizadora.
8 - O Mestre (The Master- 2012) - Dir. Paul Thomas Anderson
A dominação e o poder são os temas da nova obra de Paul Thomas Anderson. Com direção segura, sempre pautadas com belas cores e sons inquietantes, desenvolve-se a trama entre o criador de uma seita religiosa (Phillip Seymour Hoffman) que tenta provar suas teses ao tentar disciplinar um animalesco homem (Joaquin Phoenix). Porém, a situação sai de controle, e não se sabe mais quem é o mestre quem é o dominado, um influencia o outro para seu lado, ora racional, ora bestial. Joaquin Phoenix, brilhante como sempre, age como um símio, a fera que deseja ser contida, o animal que quer ser domesticado, mais como forma de agradecimento ao mestre que o acolheu do que por outros motivos. Phillip Seymour Hoffman é o domador que se contamina pela bestialidade, se vê na fera e explode em impulsos irracionais. Amy Adams, em uma atuação discreta e magnética, e mostra onde o poder verdadeiramente reside. Um filme intrigante sobre o animal que temos dentro de nós, dominado ou não.
7- Os Miseráveis (Les Misérables- 2012)- Dir. Tom Hooper
O gênero musical, até a década de 60, reinou quase soberano em Hollywood. Com seus temas românticos e fantasiosos, era um excelente catalisador das mais diversas fantasias, e serviu para lançar grandes talentos tanto da direção, como Vincent Minnelli e Robert Altman, como grandes artistas, como Gene Kelly, Julie Andrews e Judy Garland. Porém, veio a década de 70 e a necessidade de sair dos estúdios para retratar a realidade. O gênero perdeu seu espaço, e mesmo seu último suspiro, Cabaret de Bob Fosse, se imiscuiu com o pensamento dominante. Virou quase um subgênero, com produções fracas e sem qualquer apelo com o público. Tentou um retorno no início dos anos 2000 com Moulin Rouge e Chicago, banhado em cultura pop, reconquistando o público. O problema foi a baixíssima qualidade do que veio depois. Até que Tom Hooper, diretor do irretocável O Discurso do Rei, decidiu revolucioná-lo. E como veio essa revolução? Se reaproximando do teatro musical: as músicas não seriam mais gravadas e posteriormente dubladas pelos atores, seria cantada ao vivo, com a câmera ligada, pescando toda a interpretação da mesma. A fotografia em close up aproxima o personagem do espectador, se torna intimista. O elenco, afinado e de qualidade ímpar, com grandes nomes tanto de Holywood quanto do teatro musical. O resultado: uma explosão de sentimentos que envolve o espectador, uma obra de arte irretocável.
6- A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty- 2013)- Dir. Ben Stiller
Em algum momento de sua vida, você já viu esse filme. Já viu seus clichês, suas obviedades, seus traços marcantes. E não deixou de se encantar com ele da mesma forma. O que parece óbvio para o espectador não é para o personagem título. Ora, você sabia onde estava o negativo com a foto que retratava a quintessência da vida desde o início. Walter Mitty, quem sabe, também. Mas ele preferiu acreditar que não para buscá-lo, numa jornada por toda a fantasia e a maravilha de viver que lhe foram tiradas quando ele era um adolescente. E é nesse caminho entre o idílico e o real que acompanhamos nosso herói, a busca de sua própria essência. Com uma fotografia e uma edição que nos impedem de identificar o que é real e o que é sonho, ou cria paralelos interessantes entre o poder da mente e a normalidade do mundo exterior, acompanhamos esse enredo em que a jornada é muito mais importante que o resultado. Livre-se dos preconceitos que tem contra Ben Stiller, diretor impecável e ator lírico nessa e em outras obras, atenda ao chamado da aventura para descobrir que a quintessência da vida é, no fundo, aproveitá-la da melhor maneira possível.
5- A Grande Beleza (La Grande Belleza- 2013) - Dir. Paolo Sorrentino
Irei poupá-los de um parágrafo extenso sobre esse filme, afinal, a análise do mesmo já foi feita aqui no site. Paolo Sorrentino expõe a purulenta hipocrisia da sociedade italiana e a busca da essência do eu. Infelizmente, vivemos num mundo onde a aparência é melhor que a essência, e esta deve ser esquecida em nome da imagem. Contrariando os prognósticos de sua classe social, Jep Gambardella, interpretado pelo brilhante Toni Servillo, tenta se reencontrar. Em meio a quedas de mascarás, percebemos que os intelectuais que o cercam são puro nada, tristes e vazios em seu interior. Na busca pelo verdadeiro eu, a arte desempenha papel fundamental como sua objetificação. A verdade está na beleza do que pode ser produzido ao ser você mesmo. Em tons Fellinianos percebemos que nem tudo é o que parece, e que o genuíno é belo. E, nos tempos modernos, essa é uma lição valiosa.
4- Rush- No Limite da Emoção (Rush- 2013)- Dir. Ron Howard
Filmes com temática esportiva normalmente caem nos clichês habituais do gênero como superação e acreditar em si mesmo, salvo raríssimas exceções. E um filme sobre Fórmula 1, aquele esporte chato das manhãs de domingo, como poderia fugir disso e se tornar interessante? Ora, com uma cinebiografia sobre uma rivalidade: a entre Niki Lauda e James Hunt. Ron Howard, perito quando se trata do gênero, afinal, nos presentou com o excelente Uma Mente Brilhante, assumiu essa missão, apresentando um filme grandioso. E três são o elementos que levam a isso. O primeiro deles é a a parte técnica do filme: a fotografia em aliança com a edição nos envolve em toda a voracidade do esporte em questão na época em que passa o filme, sua adrenalina, sua emoção, seus riscos; a direção de arte é impecável, uma verdadeira imersão nos anos 70; a trilha sonora de Hans Zimmer, clássica e grandiloquente.O segundo deles, o roteiro, que retrata a rivalidade não só pontuando as diferenças entre os personagens, mas buscando ao máximo seus pontos comuns: ambos são obstinados, teimosos, guerreiros a seu modo, figuras que geram imensa admiração; são também altivos, soberbos e egoístas, o que dá uma sensação de repulsa. O terceiro e ultimo, as escolhas do casting: Chris Hemsworth mostra porque é uma estrela em ascensão e faz um excelente James Hunt; Daniel Brühl confirma o seu talento ímpar e atinge o sublime como Niki Lauda.
3- Os Suspeitos (Prisoners - 2013) - Dir. Dennis Villeneuve
"Não enfrentes monstros sob pena de te tornares um deles, e se contemplas o abismo, a ti o abismo também contempla",disse, certa vez, o filósofo Friedrich Nietzsche. Talvez essa seja a maior mensagem do fantástico thriller de Dennis Villeneuve. Quando a fé na justiça dos homens falha, Keller Dover (Hugh Jackman) busca fazê-la com suas próprias mãos, sequestrando o único suspeito do rapto de sua filha (Paul Dano), se tornando o monstro que busca combater. Com uma edição de mestre e tons escuros em sua fotografia, o diretor nos envolve como verdadeiros reféns na tensão e no mistério. Cada detalhe é essencial para a compreensão do resultado, que não poderia ser menos que magnífico, lembrando muito Clint Eastwood em seu clássico Sobre Meninos e Lobos. E abre espaço para uma série de reflexões: a moralidade deve seguir necessariamente a legalidade? O desespero é a justificativa para atitudes deploráveis? Os fins justificam os meios? Existe bondade no mal que fazemos aos outros como forma de proteger o que há de mais precioso em nossas vidas? Hugh Jackman, envolvido em fúria e impotência faz algo inédito em sua carreira, bestial, magnético, destrutivo, no papel desse pai desesperado. Jake Gyllenhaal é o detetive responsável pelo caso, o contraponto perfeito, sentimental sem perder a razão, preso ao método e a moral para resolver o caso. Por fim, Paul Dano, mais uma vez primoroso, é a vítima ou o vilão que dividirá nossos corações e mentes nessa busca vertiginosa e assustadora da verdadeira justiça.
2- Azul é a Cor Mais Quente (La Vie d'Adele - 2013)- Dir. Abdellatif Kekiche
Pessoas que definem Azul é a Cor Mais Quente como "um filme de lésbicas" demonstram o quão simplistas e preconceituosas são. A grande temática do filme é o amor, e esse não escolhe raça, religião e gênero, é a mais pura manifestação do espírito, engrandecedor. Numa construção de personagem rara no cinema, vemos a descoberta, a dor, e tudo aquilo que envolve a difícil passagem da adolescência para a idade adulta, bem menos romântica e aberta à imaginação; acompanhada da grande lição da película: afinal, o que é a busca pelo amor senão a busca por si mesmo? As câmeras acompanham Adele e atravessam sua aparência para mostrar ao espectador sua alma turbulenta. Ela é bela, porém insegura, solitária, indecisa, se descobre aos poucos como algo além, perdida em meio a pensamentos e dúvidas que assombram qualquer jovem. Emma, sua contraparte romântica, é o fogo, o novo que chega com cabelos azuis hipnotizantes para seduzir a todos: segura de si, inteligente, poética... um verdadeiro furacão de paixão. Abdellatif Kekiche tem todos os méritos de mostrar a intensidade e as nuances dessa relação, ousando por muitas vezes na projeção sem perder a poesia que ela demanda e atinge. Léa Seydoux e Adele Exarchopoulos são as musas que nos conduzem com força, delicadeza e perfeição a um mergulho no azul oceano da beleza cinematográfica, e nos ensinam uma nova forma de ver o amor.
1- Django Livre (Django Unchained- 2012)- Dir. Quentin Tarantino
Ao longo da "premiação" tudo já foi dito sobre Django Livre. Tarantino colocou o dedo na ferida mais suja dos norte americanos e decidiu irromper com o tabu, mostrando que até os erros históricos tem de ser escancarados. E, no caso, pintados de um vermelho sangue, mostrados na estética perfeita atingida pela fotografia, barulhenta na união de Morricone com 2Pac. Ao diretor já foram dados os devidos aplausos pela ousadia e por ter conseguido atingir o melhor em seu apuro técnico. O mesmo ao elenco, com química perfeita e sublime em suas atuações. Metáforas, ação, aventura, crítica, barbárie e um exercício metalinguístico compõe esse Western Spaghetti com toques afro-americanos dos filmes dos anos 70 de Black exploitation. Entre Shaft e Franco Nero, o personagem título destila as aspirações clássicas de vingança em um mundo mesquinho e sem moral. E o filme atinge o status de obra prima contemporânea por todo esse conjunto de elementos bem amarrados.
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