domingo, 10 de abril de 2011

A Rede Social (2010) - O Cinema-Artigo

David Fincher mostrou-se um diretor versátil e inventivo ao longo de sua carreira. Em O Clube da Luta (1997) reviveu a filosofia no cinema da maneira mais anárquica possível em um filme complexo, agressivo e genial. Em Benjamim Button (2008) explorou esse mesmo tema filósofico de uma maneira extremamente poética e lúdica, uma verdadeira obra-prima da contemporaneidade. Em Seven (1995) e Zodíaco(2007) desenvolveu uma norma forma de fazer suspense, extremamente criativa com um diálogo firme entre a estória e o espectador. Chegamos em A Rede Social, o afastamento total e 
absoluto de um diretor de seus propósitos que o fizeram ser um artista admirado.

Nome Original- The Social Network

Diretor- David Fincher

Roteiro- Adaptado por Aaron Sorkin a partir do livro Bilionários por Acaso, de Ben Mezrich

Elenco- Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer e Max Minghella

Parte Técnica- Jeff Cronenweth (F); Kirk Baxter e Angus Wall (E); Trent Reznor e Atticus Ross (TS)

Data de Lançamento - 1 de outubro de 2010 (EUA)



   É possível fazer um filme sobre a criação do Facebook? Sim e ele está sendo lançado nas locadoras e lojas para provar isso. Agora se o filme é cinema da mais alta qualidade tenho minhas dúvidas. E são essas dúvidas que quero expor nessa crítica. Comecemos pela sinopse.
   Mark Zuckeberg (Eisenberg) é um estudante de computação de Haravard que uma noite, após brigar com sua namorada e ligeiramente acoolizado, decide se vingar da pior maneira possível. Usando de códigos e senhas para hackear os arquivos dos diferentes alojamentos da universidade cria um site parafazer comparações e rankings das mais diferentes garotas, o Facemash. O site é um sucesso instantâneo o que faz o servidor da internet do campus cair. Porque que eu descrevi essa cena, bem, ela tem uma pequena importância para o resto da trama e porque ela é simplesmente sensacional, uma entrada digna de um prato principal delicioso. Bem mas só a entrada é boa mesmo: a refeição em seu resto é bem insossa.
Cena inicial do filme: uma entrada de lamber os dedos para um prato principal requentado
  Assim passamos a ver o roteiro dividido em duas frentes: Zuckeberg frente a frente com os irmãos gêmeosWinklevoss (Hammer) e Divya Narenda (Minghella) em um processo e ao brasileiro Eduardo Saverin (Garfield) em outro; e o resto da trama nos conta como ele chegou nessa situação. A primeira é muito simples: as outras partes convidaram Zuckeberg a fazer um site de relacionamentos para alunos de Harvard se comunicarem e deram um prazo de entrega para ele elabora-lo. Zuckeberg fez, ampliou, o chamou de Facebook, estava ganhando muita grana enquanto que eles, os donos dos direitos autorais não ganhavam nada com isso. De início com duvidas quanto a processá-lo, vendo a mina de ouro que o site estava se tornando, decidiram ganhar o quinhão que era deles por direito. O segundo envolve um terceiro personagem: Sean Parker (Timberlake), que havia tentado entrar no ramo da Internet sem sucesso, decidiu se aproveitar do jovem gênio e sua lucrativa criação para ganhar o dele. O convence então a ir a Califórnia e estabelece o Facebook como empresa de maneira definitiva por lá. E aonde entra Saverin nessa história. Bem ele era o melhor amigo de Zuckerberg e foi a pessoa que deu o capital inicial necessário para começar o Facebook e tentou ainda buscar mais investimentos indo pessoalmente buscar investidores. Nesse interim também conheceu Parker e logo foi passado pra trás por ele: assinou um contrato, influenciado por este, com claúsusulas desleais que não são tirou todas as suas ações como a co-autoria do site de relacionamentos. Por isso ele deixou de confiar em Zuckeberg e entrou com uma ação para reaver o que era dele por direito. Essa é a descrição do caso meretíssimo, sem mais nada a declarar.
  Vocês caros leitores acham que seu humilde narrador está brincando: sim, essa é a história do filme, sem uma virgula a mais ( a não ser os textos que aparecem na última cena nos informando que fim levaram os litígios acima descritos). Vejam vocês a simplicidade do roteiro: nos informa sobre as origens de duas ações judiciais e só, não sai disso, não apresenta nada de novo e, nessa narrativa de quase duas horas nos apresenta como o Facebook, o objeto da ação (na verdade, os direitos sobre sua criação), foi concebido. Além disso nos apresenta uma filosofia baratíssima de como o homem que criou uma forma das pessoas se comunicarem melhor acabou, no mundo real sem amigos. Uma mensagem totalmente clichê e que não enobrece em nada os objetivos do filme, nem o tornam mais complexo: descrever os bastidores da criação da maior rede social do mundo. Se o filme é uma adaptação fiel ao livro, não sei, muito provavelmente é, mas não é um bom roteiro. Os diálogos atpe que não são ruins: neles estão as informações que o filme quer passar. Agéis, impedem que o espectador caia na sonolência e ainda demanda sua atenção.
Jesse Eisenberg como Zuckeberg: pouca versatilidade
   As atuações são o ponto mais fraco do filme. Vendo posteriormente dois filmes com participação de Jesse Eisenberg ( Zumbilândia e Férias Frustradas de Verão) comédias, percebi que ele faz o mesmo papel a três filmes: o esteriótipo de nerd meio pirado, mas nesse aqui com um ar mais sisudo e racional. É o mesma figura os três filmes. Não posso dizer que ele atua mal, sim ele convence na sua figura esteriotipada, mas mostra também a sua pouca versatilidade ao compor papéis. Talvez tenha conseguido sua indicação ao Oscar devido ao respaldo crítico que o filme teve. Armie Hammer (primeiro papel de destaque) e Max Minghella (Siryana) fazem o que manda o script. Justin Timberlake, por ser cantor de boyband de formação não faz idéia do que está fazendo no filme, destruindo totalmente qualquer credibilidade que poderia ter fora do ramo musical. O melhor mesmo é Andrew Garfield (o novo Peter Parker), que mostra bastante versatilidade para compor este que talvez, é o personagem mais bem construído pelo roteiro roteiro fraco: ele realmente consegue conquistar a empatia do público.
  Talvez a parte técnica seja o melhor aspecto do filme. A fotografia é bem trabalhada com boas tomadas tanto de close quanto mais panorâmicas, os giros e cortes dão agilidade ao filme e aos diálogos. A montagem então, é acima da média: a idéia de fazer o filme em flashback com uso extensivo deste recurso desperta uma curiosidade do espectador na trama pobre e conservadora, dando-lhe uma roupagem moderna. Quanto a produção de arte, totalmente dentro de padrões, é boa, mas não enche os olhos e nem provoca a admiração do espectador, mais do mesmo e se encaixa bem no que a trama demanda. A trilha sonora talvez seja o grande ponto negativo do filme, é um verdadeiro contraponto a narrativa ágil do mesmo: sonolenta acima de tudo, não se conecta ao espírito do filme. Deve ter ganho o Oscar por ter a composição mais elaborada.
Andrew Garfield é a grande surpresa nas atuações pobres do filme
   David Fincher porém não decepciona. Consegue conectar esses elementos falhos e nos apresentar um um filme leve e divertido, com um certo conteudo de "curiosidades" para debatermos em bate-papos trivais. Em termos gerais, racional e vazio, sem nenhum ponto de conexão verdadeiramente forte para com o espectador, a não ser uma certa curiosidade de entrar na Wikipédia depois da sessão e saber um pouco mais sobre os personagens reais envolvidos. O resultado final é bom e ainda maquia os problemas da obra, especialmente para os olhos menos atentos. Um filme ótimo como um passatempo um pouco mais sofisticado, mas longe de atingir as pretensões que queria: inscrever-se na calçada da imortalidade do Oscar.  Realmente, um trabalho que poucos conseguem, uma coisa que só um gênio como Fincher conseguiu fazer e que lhe rendeu prêmios mundo afora. E justiça seja feita, Tom Hooper coroar sua curta carreira cheia de perspectivas com um Oscar foi bem melhor que dar ao célebre diretor aqui citado seu prêmio máximo por um filme que não mostra  toda a sua capacidade atrás de uma câmera, mas uma capacidade muito boa de esconder problemas
  Assim chegamos ao fim da análise: um filme cheio de falhas,mas que foi tão bem camuflado que se tornou um potencial ganhador de Oscar e um ótimo filme para entreter com classe e inteligência. Ele se adapta bem ao gosto do público moderno: diverte e ainda narra um acontecimento atual e que atinge diretamente o espectador. Lança talvez um novo paradigma no cinema, um paradigma em que a narrativa se aproxima de um artigo de jornal ou períodico: direto com a informação, que nada mais é o que o leitor/espectador quer, entretanto vazio com a arte e os sentimentos que devem estar em toda obra imortal do cinema.

QUESITOS:
Atuações: 5
Roteiro: 6,5
Técnica(fotografia e edição): 10
Trilha Sonora: 6
Direção de Arte (cenários, figurinos, maquiagem,etc...): 8
Direção: 9

NOTA FINAL-7,5


Gostou da nota, Zuckerberg? 
   

O Discurso do Rei (2010) - Quando Monstros se Encontram

Muitos consideraram o filme de Tom Hooper clichê e antiquado, como o cinema britânico em sua totalidade. Mas a nova forma de contar uma narrativa batida, baseada em atuações espetaculares, direção técnica e artística esmerada e um novo objetivo tornam esse filme grandioso e merecedor de todas as glórias que recebeu, assim como um ótimo contra argumento à todas as críticas. 

Nome Original- The King's Speech

Diretor- Tom Hooper

Roteiro- Original; de Daivid Seidler

Elenco- Colin Firth, Helena Boham Carter, Geoffrey Rush, Guy Pierce, Michael Gambon e Thimothy Spall

Parte Técnica- Danny Cohen (F); Tariq Anwar (E) e Alexandre Desplat (TS)

Data de Lançamento - 6 de setembro de 2010 (Festival de Telluride, EUA)



   Filmes britânicos são normalmente pontos certos com a crítica e com a Academia, rendendo várias estatuetas no maior prêmio da indústria cinematográfica. Marcado por um esteticismo caprichadíssimo, tais obras normalmente não tem apelo para com o público, sendo admirados por faixas seletas e que buscam boas e simples histórias ou simplesmente compreender melhor um período histórico retratado. Aí entra a grande revolução de O Discurso do Rei.
O elenco principal de O Discurso do Rei: enredo simples e envolvente
   A história é bem simples: Albert (Firth), o Duque de Windsor e segundo na sucessão do trono britânico, sofre de uma gagueira crônica que o atrapalha, inclusive, nas suas relações familiares. Depois de vários tratamentos frustrados com os melhores médicos do império e uma quase desistência de busca de cura, sua esposa, Elizabeth (Boham Carter) decide procurar um fonaudiólogo chamado Lionel Logue (Rush) conhecido por seu sucesso e ,igualmente, seus métodos heterodoxos; convencendo o futuro Rei George VI a se consultar com ele. Logo, vemos o desenrolar de uma típica amizade inesperada, marcada por deliciosos diálogos gerados a partir da total quebra de protocolo imposta por Logue a seu ilustre cliente, e, claro, atritos. Igualmente tomamos conhecimento das possíveis origens da gagueira de Albert: uma família fria e protocolar (como a belíssima cena da morte do Rei George V nos mostra); um pai (Gambon) muito rígido, que acreditava que a gagueira poderia ser facilmente vencida por esforço pessoal; e um irmão, o Rei Edward VIII (Pearce), que buscava constante humilhá-lo por tal fato, o que aumentava ainda mais sua insegurança. 
   Foi esse mesmo irmão que abdicou o trono em prol de um casamento com uma mulher divorciada (o que é inconstitucicional pelas leis do país) e jogou uma batata quentíssima no colo de Albert: como um gago pode unir um império, superar a imagem de um antecessor vivo e construir uma imagem carismática que possa ajudar a combater a de um adversário desenvolto e teatral como Hitler às vésperas de um conflito armado certo? Enfim, como um gago inseguro pode se tornar um verdadeiro líder? Mais do que nunca, o rei precisaria não só dos conhecimentos terapêuticos, mas da amizade de Logue. A história de desenrrola a partir daí para um final previsível (um grande discurso que uniu o Império Britânico), mas que não impede uma certa ponta de apreensão.
Rush e Firth em cena: atuações são o ponto forte do filme
Como a sinopse pode mostrar, o roteiro é um típico conto de superação, como tantos outros no cinema. O que o torna inovador é colocar aí a imagem de um líder histórico e, diferentemente dos demais filmes que tocam nessas figuras, não o enaltece e o transforma em um grande heroí; e não o desconstroi mostrando todos os seus podres e falhas, tenta um meio-termo: desconstroí o líder, mas o torna uma figura humana, aproxima-o de nós, meros mortais, mostra que qualquer um por mais poderoso que seja, tem um ponto fraco e, muitas vezes, tem grandes amigos que o ajudam a superar isso. Outra grande vantagem do filme é que ele passeia pelo drama sem cair em um caminho melodramático: é emocionante sem exageros, em pequenas cenas simples e delicadamente construídas, é leve e por vezes, cômico ( não dá para segurar o riso diante  das disputas de ego entre o Rei e seu terapeuta), não caindo também em mesmices do gênero; sendo, de maneira geral divertido e delicioso de se assistir. É também um filme sobre a comunicação (ou a falta dela) do homem, a necessidade de seu desenvolvimento e a dificuldade que muitos tem de desenvolvê-la com perfeição, um elemento desenvolvido da maneira mais lirica possível. Um texto nada vazio e que merece aplausos.
Geoffrey Rush é o grande maestro do filme
   Outro grande ponto positivo é a liberdade que ele dá aos atores. E que atuações. O elenco de apoio é fantástico, por menor que seja a importância do personagem, tem grande poder dramático. Os destaques do mesmo são Helena Boham Carter (Alice no País das Maravilhas) que deixa de lado os personagens excêntricos de sua carreira e mostra toda sua capacidade dramática ao interpretar uma discreta mas marcante Rainha Elizabeth (ou Rainha Mãe); Michael Gambon (o Dumbledore de Harry Potter) e Guy Pierce (Amnésia) cumprem seus papéis com louvor, mostrando bem como seus comportamentos foram importantes para moldar as inseguranças de Albert.
Colin Firth: maturidade dramática que passa longe do melodrama
  Por falar em Albert, não existem palavras para descrever as atuações de Colin Firth (Direito de Amar) e Geoffrey Rush (o Barbossa de Piratas do Caribe). Os dois realmente dão aula em atuações perfeitas e poderosas, uma das melhores da história. O primeiro conquista, na primeira cena do filme, a total empatia do público: a sua interpretação da gagueira está longe de ser exagerada, é totalmente verossímel, e sua insegurança é tocante, mostra bem a humanidade em todos os sentidos do personagem. Poderosa e bela, Firth mostrou toda a sua maturidade artística no papel, mostrou porque mereceu todos os prêmios que recebeu e porque merece ser considerado, quem sabe, o maior ator dos últimos 20 anos (britânico pelo menos). O segundo mostrou um personagem mais leve e igualmente cativante: fino e sarcástico, Logue é a alma do filme, potencializa os deliciosos diálogos entre ele e o rei e desenvolve um interessante contraponto à austeridade da monarquia britânica. Uma atuação monstruosa do brilhante Rush (laureado com o Oscar de Melhor Ator por Shine em 1996) , desenvolta, visceral e arrebatora. Ele caminha do humor finíssimo britânico para o drama; conduz o filme como um maestro místico que conquista o público a cada palavra proferida. Um casamento perfeito de dois monstros da atuação. O melhor do filme é ver essa dupla em cena e curtir cada momento em que eles exalam a magnificência de suas atuações.
   A parte técnica é igualmente perfeita. Uma fotografia baseada em tons sombrios e pálidos, que mostra o ambiente frio e ao mesmo tempo selvagem que o rei deve enfrentar. A montagem é brilhante e a reconstituição histórica é perfeita: cenários belíssimos, figurino perfeito, uma produção artística de encher os olhos. Alexandre Desplat desenvolve uma trilha sonora, digamos, paradoxal, discreta e marcante no início para um produto grandioso e poderoso de acordo com o desenrolar do filme, com cada barreira vencida pelo Rei George. Enfim, uma trilha sonora que dá dinâmica a um filme já dinâmico.
A fotgrafia não é só belíssima, mas um importante elemento narrativo
    Coube ao extreante Tom Hooper (um filme apenas levado à grande tela e alguns trabalhos na televisão antes do Discurso) juntar todos esses elementos minuciosamente detalhados em um filme redondo, sem arestas ou fios soltos que pudessem ser passíveis de crítica: um filme perfeito. Essa união é conservadora, porém, atemporal: seria grandiosa em qualquer momento do cinema. Não é uma perfeição arrebatadora como seu rival no Oscar Cisne Negro, mas uma perfeição simples (não simplória) como seu objetivo e o que ele provoca no público. Talvez seja o melhor filme já feito sobre a monarquia britânica: não busca sua glória e opulência, como Elizabeth (1998); ou intrigas que mudem a visão do público sobre suas relações mais secretas como o (péssimo) A Rainha (2006); mostra o lado mais humano de tais personagens, algo próximo de nossa realidade; e, com esse objetivo bem simples mas, ao mesmo tempo, revolucionário, toca o que há de mais humano em nossos corações e mentes.

QUESITOS:
Atuações: 10
Roteiro: 10
Técnica(fotografia e edição): 10
Trilha Sonora: 10
Direção de Arte (cenários, figurinos, maquiagem,etc...): 10
Direção: 10

NOTA FINAL- 10


Pedido de Desculpas

A todos os leitores vorazes por novas críticas e histórias, desculpe por essa última semana sem posts. A vida na faculdade está difícil e tempo é algo que me tem faltado bastante. Provas e outras coisas tem atrapalhado e muito o andamento do Blog. Idéias criam ciclos em minha mente, mas não posso tirá-las desse lugar de acesso exclusivo e passá-la para vocês. Essa semana tentarei gerenciar melhor meu tempo e escrever um pouco mais. Também tenho aprendido a desenvolver sinopses mais sintéticas, o que possibilitará textos curtos e, consequentemente, menos tempo para desenvolvê-los.

Agradeço a contribuição de todos e abro espaço para uma homenagem ao gênial diretor Sidney Lumet, que nos deixou ontem a noite. Seus filmes Um Dia de Cão e Rede de Intrigas são expressões puras do cinema de autor que marcou Holywood, onde ele trabalhou temas próximos da realidade do garnde público e deixou seus atores com liberdade quase total para nos contar essas ótimas estórias. O meu favorito, por ser estudante de direito é o igualmente genial 12 Homens e uma Sentença, obrigatório para quem quer ver atuações únicas do cinema clássico dos anos 50, com Henry Fonda e  Lee J. Cobb. Vale a pena dar uma conferida em suas obras e tentar captar toda a importância desse homem para o cinema contemporâneo, seja pelas novidades narrativas, seja pela liberdade dada ao ator para otimizá-las. O cinema agradece seu trabalho com uma reverência.
Sidney Lumet (1915-2011)

domingo, 3 de abril de 2011

TOP 10- Vilões da Década (2000-2010)

Na última década o cinema nos presenteou com várias obras de rara beleza, quase clássicos instantâneos (como o ótimo Uma Mente Brilhante) e alguns outros que não atingiram muito bem seus propósitos (como a ode neo-imperialista disfarçada Avatar) . Uma coisa que não podemos negar foi a importância dada aos vilões durante estes anos: eles se tornaram cada vez mais complexos e imprevisíveis, tendo, muita vezes, mais importância na trama que os próprios protagonistas, conseguindo, assim, um espaço indelével nos corações e mentes dos espectadores. Ao meu ver, esses foram os mais importantes:

10- O Duque, de Moulin Rouge: Amor em Vermelho (2001)
Interpretado por Richard Roxburgh
    Com uma performance emblemática, Richard Roxbourgh incorporou a caricata figura do the Duke, no super musical Moulin Rouge, um ótimo vilão no que tange às clássicas histórias de amor impossível. Mostrando bem as duas facetas do personagem, ora com um ar mais naif, quase infantil; ora como um verdadeiro maníaco possessivo que quer, a todo custo, exercer seu domínio sobre a bela Satine (Nicole Kidman). Sem contar a nova interpretação que dada, juntamente com o também brilhante Jim Broadbent (Harry Potter e o Enigma do Príncipe), ao clássico pop "Like a Virgin" de Madona, mostrando, acima de tudo, que foi um ator bem versátil na construção de seu personagem. Uma das melhores atuações no filme de Baz Luhrmann (Austrália), mas que não conseguiu, como os demais vilões citados, ofuscar tanto as performances dos protagonistas.



9- Salim Malik, de Quem Quer ser um Milionário (2008)
     Interpretado por Azharuddin Mohammed Ismail (criança), Ashutosh Lobo Gajiwala (adolescente) e  Madhur Mittal (adulto)
     Apesar de seus momentos de redenção, como quando salva de seu irmão Jamal (Dev Patel) de ter seus olhos furados por alicidores de menores, certamente Salim é mais lembrado pelas ações reprováveis(e pelo fato de sua nobreza estar sempre no segundo plano de suas aspirações) que realiza ao longo do moderno conto de fadas de Danny Boyle (127 Horas). Durante toda sua vida, humilhou seu irmão das mais diferentes maneiras, desde a molecagem de vender uma foto autografada conseguida a um custo bem anti-higiênico até ameaçar a vida do mesmo, quando já estava trabalhando para os mafiosos dos slums de Mumbai. Com uma malandragem que seria bem recebida em qualquer rodinha de samba, esse encapetado indiano também é um importante contraponto ao romantismo e idealismo que permeia as ações de seu irmão: ele tem uma visão mais realista e maquiavélica de como vencer na vida.


8- Bill, de Kill Bill Vols. 1 e 2 (2003 e 2004)
 Interpretado por David Carradine
     O saudoso David Carradine (O Ovo da Serpente) nos presenteou com essa atuação de mestre, orientada por Quentin Tarantino. Bill é mais um típico vilão possessivo: atirou na mulher que amava (Uma Thurman) e tomou para si sua filha, como forma de se vingar do fato dela o ter abandonado sem nenhum motivo aparente. Odiado por muitos que ouvem seu nome, o enigmático vilão nos proporciona um dos monólogos mais deliciosas da obra tarantinesca, quando fala da diferença entre o Super-Homem e os demais heroís. Infelizmente não pudemos ver o discípulo de Pai-Mei desenvolver suas habilidades de luta à máxima potência: ele foi rapidamente derrotado pelo místico golpe dos Cinco Pontos que Explodem o Coração.


7- Lots-O', de Toy Story 3  (2010)
     Interpretado por Ned Beatty (voz)
     A Pixar sempre conseguiu desenvolver bons vilões, mas nenhum como o terrível Lots-O'. Marcado pela frase chavão "as aparências enganam", o urso cor-de-rosa com cheiro de morango esconde uma natureza terrível. Extremamente egoísta, após ser abandonado pela dona, chegou à Creche Sunnyside onde começou um reinado de horro, baseado em um totalitarismo e uma divisão de castas entre os brinquedos. Chega ao ponto de trair, em um momento de extrema tensão, aqueles que salvaram sua vida. Um vilão moralmente complexo e cegado pelo ódio, muito diferente daqueles criados para animações; ajudou Toy Story 3 a ser um ótimo gran-finale de uma série ímpar.


6- Zé Pequeno, de Cidade de Deus (2002)
Interpretado por Douglas Silva (criança)  e Leandro Firmino (adulto)
    Zé Pequeno foi um dos responsáveis por levar o gênero brasileiro favela movie a um patamar de prestígio internacional. Caracterizado por muitos criminólogos como típico exemplo das teorias positivistas do criminoso nato (uma pessoa que, pela sua própria natureza, tem tendências a cometer atos desviantes), demonstrou, desde criança, crueldade e megalomania ímpares. Isso o levou a buscar por toda sua vida o objetivo único de construir um império particular na universo microssocial onde vivia, a comunidade carente na Zona Oeste do Rio de Janeiro da Cidade de Deus; baseado não só no controle total do tráfico de drogas, mas também da vida de seus sofridos habitantes. Com frases de efeito que até hoje são repetidas à exaustão por fãs do filme, Zé certamente foi uma importante materialização da dura e violenta realidade carioca.


5- Coringa, em O Cavaleiro das Trevas (2008)
     Interpretado por Heath Ledger
   "Why so serious?" nos pergunta o insano personagem, retratado por Christopher Nolan (O Grande Truque) no máximo de seu niilismo e loucura, naquele que foi o maior Blockbuster dos últimos anos (muito graças a esse icônico personagem). Com uma psicopatia que tende ao infinito e um passado totalmente enigmático (que Nolan deixa a cargo da imaginação de cada um definir qual é), o Palhaço do Crime dos quadrinhos ganha uma roupagem definitiva com a perfeita interpretação do saudoso artista australiano, que lhe rendeu um Oscar póstumo. Ele desafia o super-herói Batman (Christian Bale) à revelar sua verdadeira identidade enquanto bota em perigo, em jogos mortais, a população inocente de Gotham City. Ele peita a máfia sem medo das consequência. Ele transforma o cavaleiro branco de Gotham, Harvey Dent (Aaron Eckhart) em uma igualmente psicótica figura, Duas-Caras, aproveitando-se de seu debilitado estado mental. Ele conquista o espectador de maneira arrebatadora.


4- Daniel Plainview, de Sangue Negro (2007)
     Interpretado por Daniel Day-Lewis
    Em interpretação visceral, Daniel Day-Lewis (Em Nome do Pai) criou esse icônico personagem, a materialização da ausência de humanidade, em uma interpretação verdadeiramente visceral, e que lhe grantiu seu segundo Oscar. Daniel é um grande explorador de petróleo que vê no seu pragmático trabalho a única forma de se afastar do restante da humanidade, de se tornar superior aos seres sujos que para ele trabalham. Seu pragmatismo e ganância são tão grandes que ele simplesmente não se preocupa com os problemas à sua volta, mesmo se esses envolvam seu filho; cuja relação fria e digamos, de certa forma, empresarial (ele é ,antes de tudo, seu sócio) era um dos poucos resquícios de sua humanidade e que acaba quando este último é acometido por uma surdez. Seu embates com o performático pastor Eli Sunday (Paul Dano, excelente) também são outro ponto alto do filme, desenvolvendo de maneira violenta o eterno combate entre os poderes temporal e atemporal.


3- Anton Chigurh de Onde os Fracos Não Têm Vez (2007)
Interpretado por Javier Bardem
       Esse suspense só é obrigatório pela presença desse icônico personagem. Na sua perseguição implacável em busca do dinheiro dos traficantes de droga na fronteira entre México e EUA, Chigurh é o verdadeiro mal irrefreável, nada nem ninguém pode deté-lo para alcnaçar esse objetivo; sejam traficantes, policiais ou até mesmo uma fratura exposta. O personagem exala insanidade pelos seus poros e seus atos aumentam e muito a tensão desenvolvida ao longo da trama. Munido das mais diferentes armas possíveis, ele realmente sabe como fazer uma vítima sofrer. Normalmente calado e inexpressivo, Chigurh é o retrato definitivo da psicopatia: frio, sádico e calculista. A interpretação de Javier Bardem (Mar Adentro) é extremamente verossímel e monstruosa, e ainda lhe garantiu o mais que merecido Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.


2- Capitão Vidal, de O Labirinto do Fauno (2006)
   Interpretado por Sergi López
     O ator espanhol Sergi López ganhou renome internacional ao interpretar o terrível Capitão nesse moderno conto de fadas que trabalha com o clássico tema do confllito entre os horrores da guerra e a inocência. Vidal é a personificação do totalitarismo que defende: frio e despótico são características que certamente fazem parte de sua natureza. Porém a crueldade e um certo sadismo são suas marcas registradas. Seus atos horrorizam não só os demais personagens do filme como também ao espectador: tortura, execuções a sangue frio (inclusive de sua enteada), e covardes; atos desempenhados sem um pingo de moralidade são  constantes ao longo da narrativa. O personagem, por isso carrega uma aura de tensão e imprevisibilidade: não se sabe qual a próxima crueldade que ele vai cometer; sua figura fria gera medo a quem tem forças para encará-la de frente. Um personagem brilhantemente lapidado por um excelente roteiro e potencializado por uma atuação única.


1- Coronel Hans Landa, de Bastardos Inglórios (2009)
     Interpretado por Christoph Waltz
       
   "THAT'S A BINGO!". Antes de Hans Landa nunca houve coronel nazista que conquistasse a empatia do público. E nem depois dele! Após ouvir depoimentos que muitos torceram por ele, mesmo sabendo de sua alcunha de "Caçador de Judeus", não haveria como eleger outro vilão da década para ocupar o posto mais alto neste Top 10. Extremente carismático e desenvolto, Landa nos conquista pouco a pouco com suas falas simplesmente épicas ao longo do filme, falas esses desenvolvidas em quatro línguas diferentes (inglês, francês, alemão e italiano). As cenas que o envolvem, por mais importantes que sejam para a trama, são carregadas de grande leveza com pitadas de tensão. Em algumas fica até difícil segurar o riso, seja pelo que ele fala, seja pelas suas expressões faciais variadas. Sua explicação sobre como consegue encontrar os judeus mais bem escondidos é um dos melhores monólogos da história do cinema. Mas como tão admirável figura pode ser um vilão? A resposta é que ele é um caçador de judeus extremamente frio e calculista, que não mede esforços para atingir seus objetivos. Mais vilanesco que isso, impossível

sábado, 2 de abril de 2011

Sucker Punch: Mundo Surreal (2011)- Trocando gato por lebre sem direito à reclamações

Durante a publicidade de seu novo filme, Zack Snyder nos vendeu a idéia de um filme de ação com muita pancadaria e mulheres belíssimas com pouca roupa. O resultado final foi diferente: além disso, nos presenteou com um filme inteligente e surpreendente, muito melhor do que a proposta anterior. 

Nome Original- Sucker Punch

Diretor- Zack Snyder

Roteiro- Original; escrito por Zack Snyder e Steven Shibuya

Elenco- Emily Browning, Abbie Cornish, Jenna Malone, Vanessa Hudgens, Jamie Chung, Oscar Isaac, Carla Gugino, Jon Hamm e Scott Glenn.

Parte Técnica- Larry Fong (F), William Hoy (E); Tyler Bates e Marius de Vries (TS)

Data de Lançamento- 25 de março de 2011 (Lançamento Mundial)



   O que é Sucker Punch? Uma mistura tresloucada de referências à cultura pop? Um anime/mangá live-action?  Um filme de ação com belas mulhers, como os trailers mostraram? A união de dois filmes de sucesso de dois diferentes e geniais diretores (falarei quem são eles no final da crítica)? A única resposta a todas essas perguntas é: um filme muito mais profundo do que parece ser. Antes de começarmos nossa viagem ao "Mundo Surreal", aviso que encherei o texto de Spoilers como forma de evitar novas manifestações injustas acerca do filme e para esclarecer possíveis dúvidas sobre seu enredo.
   O filme começa com um narrador desconhecido falando sobre anjos, as várias formas que eles podem assumir e como eles surgem do nada. Enquanto a voz nos elucida, vemos uma garota (Browning) em seu quarto, recebendo a notícia de que sua mãe acabara de falecer. Enquanto consolava sua irmã menor, um homem, o seu padrasto, abre o testamento da falecida e descobre que não receberia nada e, irritado, decide atácá-las. Nesse interim, a garota encontra sua arma e tenta matá-lo, porém acaba acidentalmente acertando sua jovem irmã. Ah, note-se que a ação dessa cena se desenvolve sem um único diálogo, fala ou narração: a música "Sweet Dreams", da banda Eurithymics e aqui cantada por Browning acaba por narrar os acontecimentos, um uso brilhante de metalinguagem.
Babydoll (Emily Browning), a protagonista
    Assim, a garota é levada para um hospício, onde descobre as verdadeiras pretensões de seu padrasto: ele subornou o responsável do mesmo (Isaac) para lobotomizá-la, o que só poderia ocorrer em 5 dias. A partir daí entramos na mente da garota. Ela imagina que está num bordel aonde tem que dançar para clientes e passa a ser chamada de Babydoll. Em cinco dias ela terá um encontro com o High Roller (Jon Hamm), com quem perderá sua virgindade e lá começa a pensar em formas de escapar. Assim, começa a amizade com quatro garotas: Blondie (Hudgens), Amber (Chung), e as irmãs Sweet Pea(Cornish) e Rocket (Malone); e tutelada pela cafetina e professora de dança Madame Gorsky (Gugino), que, na realidade é uma terapeuta que desenvolveu um método baseado na dramatugia para ajudar as crianças. Todos eles são comandados com mão de ferro pelo pervertido gigolô Blue, que é ninguém menos que o responsável pelo sanatório.
    Babydoll foi, então, obrigada a dançar. Porém algo de incrível acontecia enquanto ela fazia sua performance: os outros personagens ficam misticamente seduzidos pela dança; e o espectador é lançado para um templo budista coberto de neve no Japão feudal, aonde ela (vestida com uma fetichista roupa de colegial) encontra-se com um sábio (Glenn), que lhe diz quais items deve achar para sair de sua prisão: um mapa, fogo, uma faca, uma chave e um quinto item, um ideal misterioso; e depois fala para ela se defender. Aparecem então três samurais gigantescos armados até os dentes e começa uma cena fantástica de quebra pau, em que Babydoll derrota os três e ao final, volta ao bordel, como se tivesse apenas terminado de fazer aquilo que foi mandada.
Rocket (Jenna Malone), Sweet Pea (Abbie Cornish) e Blondie (Vanesse Hudgens), caracterizadas como dançarinas de bordel
   Assim, ela se alia com suas novas companheiras e elabora planos objetivando roubar os items citados pelo sábio no bordel. Ela, então, dançaria, destraindo os capangas de Blue, enquanto que as outras partiriam em busca pelos items. E, como da outra vez, não vemos a ação se desenrolar no bordel: somos lançados em três alucinações que equivalem a cada busca pelos items: o mapa estaria sobre a posse de soldados alemães zumbis em um cenário de I Guerra Mundial; o fogo estaria num Mundo Medieval com orcs e dragões e a faca seria, na verdade uma bomba, na posse de robos assassinos em um planeta distante. Porém, os planos não saem como planejado na última fantasia e Rocket acaba sendo morta no mundo surreal, pela bomba, e no bordel, pelo cozinheiro. Além disso, Blue, que já estava desconfiado da trama acaba confirmando o que pensava através da delação de Blondie. 
   Após aprisionar Sweet Pea, Blue vai de encontro às garotas. Começa então um poderoso monólogo, em que explica para o resto das dançarinas o que vinha se sucedendo bem debaixo de seu nariz e o quão impossível de se concretizar era o plano; matando, por fim, Blondie e Amber. Quando foi ter com Babydoll, a sós, decidiu estuprá-la, cometendo assim um erro crasso: as garotas haviam conseguido roubar a faca do cozinheiro, e Baby fez muito bem o seu uso, obtendo, posteriormente a chave. Assim, após resgatar Sweet Pea, consegui, fazendo uso dos items, fugir do bordel. Mas, entre a sáida do prédio e o portão haviam muitos guardas. Assim, Babydoll percebe qual era o quinto item: o auto-sacrifício. A fuga de ma delas já seria uma vitória: e Sweet Pea tinha uma família para encontrar, uma mensagem de Rocket para a mesma e perspectiva de futuro.
   Assim voltamos a realidade do hospício. Babydoll acaba sendo lobotomizada e o Madame Gorsky acaba por descobrir que Blue falsificou sua assinatira para que isso ocorresse, além de nos revelar que tudo que aconteceu no bordel aconteceu no hospício. Com isso, ele acaba preso, porém o mal já estava feito. Voltamos a ouvir, então, a narrativa. Mas, peraí, de quem? Babydoll estava lobotomizada, sem capacidade de raciocínio e de lembrar de nada que se sucedeu? Como ela pode nos contar algo do qual não tem mais noção, como ela pode terminar o que começou? Aí está, caro leitor, a grande surpresa do filme, o que o diferencia dos demais!

Aqui quem não viu o filme e queira curtí-lo, PODE PARAR.

  O bordel e o mundo surreal NÃO eram produtos da mente de Babydoll e sim de Sweet Pea, que é verdadeiramente louca . A narrativa continuou porque foi sempre ela quem nos contou a história, ela é que via Babydoll como seu anjo salvador, assim como o sábio: ele foi o motorista de ônibus que, durante a sua fuga, ajudou-a a escapar de policiais. Os dois seriam seus protetores que, num plano espirtual, retratado como um templo buudista, teriam se encontrado para realizar sua missão, salvá-la. Sim, ó leitor, agora surpreso, já que não entendeu o filme (ou que não entendeu meu recado acima), tudo é uma visão distorcida da realidade de Sweet Pea, e não um mero escapismo; ela realmente via o hospício como um bordel. E Snyder nos dá uma dicassa sobre isso no exato momento em que vemos o bordel pela primeira vez: quem começa a narrativa nesse plano é Sweet Pea, e não Babydoll. O mundo surreal é fruto de sua imaginação louca, uma forma romantizada de descrever como elas obtiveram os items.
   Assim, crê-se que Babydoll era a única lúcida no estabelecimento, o que a permitiu fazer conexões lógicas entre items que realmente existiam para elaborar seu plano de fuga, como uma sequência entre a sua chegada no hospício e o início da fantasia pode nos mostrar, uma espécie de resumão de sua estória. A partir desse momento, sua visão é substituida pela de Sweet Pea e só é retomada nos fatos que sucederam a fuga dessa última, já que ela não fazia idéia do que aconteceu (na sua mente Baby tinha perdido a virgindade para o High Roller). E o sacrifíco? Como não se sabe se a história contada por Sweet Pea sobre sua família era verdade, muito menos se existiam laços de sangue entre ela e Rocket, o mais lógico de supor é que a situação descrita realmente aconteceu e Babydoll percebeu que não conseguiria, se fugisse, colocar seu padrasto atrás das grades, já que seria foragida e considerada louca; sendo melhor a outra garota fugir. Além disso, ela sabia da mutreta feita entre ele e Blue e da falsificação da assinatura. Então, se sofresse a lobotomia, lograria provar o plano de seu padrasto para ficar com a herença. Um plot twist brilhantemente construído sobre detalhes.

AQUI QUEM NÃO VIU O FILME PODE VOLTAR A LER

 O roteiro, além de apresentar esse brilhante plot twist, foi desenvolvido em camadas, onde o mundo surreal faz parte do bordel, uma situação de semi-realidade; sendo este finalmente envolvido pela realidade. Ou seja, tudo que ocorre em uma camada influencia na outra, há uma conexão entre elas, estão distrubuídas em círculos concêntricos. Ao mostrar-nos apenas o mundo surreal e, por vezes, seus resultados no bordel, Snyder cria uma coisa que poucos conseguem, um diálogo com o espectador: fica à cargo da imaginação de cada um como se sucederam as ações das personagens no hospício, assim como seus destinos. O mesmo se aplica a mística dança de Babydoll e o que era ela no mundo real. A trama, no entanto é bastante linear, configurando a chamada "Jornada do Heroí": Babydoll é uma jovem guerreira despreparada (primeira ida ao mundo surreal) que ganha experiência em seus embates (as demais idas), tem encontros com seu mestre (o sábio), passa por privações ( a morte de suas amigas) e que, finalmente tem uma revelação: seu verdadeiro motivo para lutar é o altruísmo, o dar sua vida para o outro viver, o sentimento que a orientou a passar por aquilo tudo (quem leu Harry Potter, vai entender muito bem). É um recurso de roteiro encontrado facilmente nas várias mídias e artes, pode ser até considerado clichê. Eu o considero clássico.
Um dos grandes destaques do filme é a direção de arte.
   Quanto à parte técnica, perfeita. Giros de câmera que dão dinamismo aos diálogos, montagem super bem-feita, fotografia espetacular, seja para mostrar o quão fria é a realidade, o quão opulenta e a semi-realidade e o quão espetacular é o mundo surreal. Os efeitos especiais são bem empregados e o uso da câmera lenta, marca registrada de Snyder, é usada a exaustão, tornando mais interessantes e intensos os embates do filme. A direção de arte é igualmente excelente: cenários trabalhados com esmero e com detalhes deliciosos de se ver; figuinos muito bem-feitos e que potencializam a sensualidade do belo elenco feminino. Sem contar na ótima trilha sonora, marcada por releituras de canções antigas com participação do elenco do filme, e que é usada magistralmente como elemento de roteiro: são elas que catalisam as idas ao mundo surreal.
   Porém nem tudo são flores no mundo surreal. O roteiro é bem feito, mas não permitiu desenvolver muito bem as tramas paralelas: o relacionamento de Gorsky com Blue, de Rocket com Sweet Pea e as origens de Amber e Blondie, totatalmente negligenciadas. Os diálogos ora tem importância para mostrar a conexão das camadas, mas, em sua imensa maioria são pobres. Além disso, impossibilitou que o elenco desenvolvesse bem seus personagens, muito simples e sem profundidade. O elenco feminino principal tem atuações básicas que não apresentam nada de novo, sendo a melhor a desempenhada por Abbie Cornish (Brilho de uma Paixão), por motivos óbvios ( a de Vanessa Hudgens, ex High School Musical, beira o ridículo), Jon Hamm ( da série Mad Men) praticamente entra mudo e sai calado. Scott Glenn (Silverado) desempenha aquilo a que foi demandado. As melhores foram de Carla Gugino (Sin City) e Oscar Isaac (Robin Hood- 2010): a primeira rouba a cena com uma personagem que, pelo roteiro, deveria ser totalmente apagada; o segundo, e melhor atuação do filme ao meu ver, transformou um vilão caricato e com tendências à inexpressividade em um déspota lascivo e que, assim como aquelas sobre quem exerce seu domínio, tem uma certa dose de insanidade.
Carla Gugino e Oscar Isaac são destaques no quesito atuação
  Assim, vimos o que resultou de uma mistura bem divertida entre Kill Bill e A Origem, como alguns disseram. Porém, Snyder, apesar da boa direção e do bom roteiro, apenas deu seus primeiros passos para alcançar Tarantino e Nolan. Isso levará tempo: ele precisa desenvolver novas histórias advindas de sua imaginação e nelas desenvolver melhor suas tramas e diálogos, seguindo especialmente os passos do primeiro diretor citado, assim como os personagens, coisa que os dois fazem muito bem; dando espaço para que seu elenco trabalhe. De resto, só tenho que dar uma cutucada naqueles que disseram que o filme é pouco inteligente, mero espetáculo visual, referências nerds atiradas a esmo; e chegaram ao ponto de fazer ridículas comparações com a Saga Crepúsculo. O filme não deixa de ser um pipocão, mas é de qualidade, sai da mesmice do gênero e é visualmente perfeito. Muitos não entenderam a profundidade do roteiro analisado, e simplesmente o consideram ruim por não estarem preparados (parafraseando a boa tagline) para perceber o que Snyder nos apresentou em seu melhor trabalho. Qualquer um tem as "armas" necessárias para compreender o que viu, só precisa usá-las.

QUESITOS:
Atuações: 5
Roteiro: 8
Técnica(fotografia e edição): 10
Trilha Sonora: 10
Direção de Arte (cenários, figurinos, maquiagem,etc...): 10
Direção: 10

NOTA FINAL- 9

PS- Antes que alguém pergunte, a mais bela e gostosa das garotas é a Sweet Pea! Se o filme fosse em 3D os peitos dela saltariam para fora da tela. Sem contar que ela tem pernas maravilhosas!

PS.1- Vanessa Hudgens ainda não se redmiu de seu passado terrível. Além de sua atuação ser a pior de longe do filme, sua personagem foi a  X-9. HAUHAUHA

Cisne Negro (2010) - O Mozart vs. Salieri da alma

Com um filme que trata da perfeição, Darren Aronofsky alcançou com seu trabalho o que poucos, até hoje, conseguem: criar uma verdadeira obra-prima. 

Nome Original- Black Swan 

Diretor- Darren Aronofsky

 Roteiro- Original, escrito por Mark Heyman, Andres Heinz, John McLaughlin e Andres Heinz

 Elenco- Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Wynona Ryder e Barbara Hershey

´Parte Técnica- Matthew Libatique (F), Andrew Weisblum (E) e Clint Mansell (TS)

 Data de Lançamento: 1 de setembro 2010 (Festival de Veneza)


   Engana-se quem pensa que Cisne Negro é um filme sobre ballet. Sim, a clássica dança têm importância vital na trama, sendo é o catalizador da verdadeira temática: a busca da perfeição, assim como as suas mais diferentes formas. Darren Aronofsky (Requiem para um Sonho), por sua vez, trabalhou-a magistralmente, fazendo uso de uma técnica impecável e de e de recursos metalinguísticos interessantíssimos; em um roteiro envolvente e surpreendente e com uma escolha de atores que não poderia ser melhor: uma pura expressão do cinema arte. Esses elementos todos serão analisados a seu tempo. Agora, leitor, delicie-se pela megistral história desse filme.
Aronofsky orienta Natalie Portman: um casamento fenomenal em cena
   O filme começa mostrando Nina Sayers (Portman), em um sonho, onde interpreta a Princesa do clássico Ballet de Tchaikovsky  Lago dos Cisnes, no momento em que o personagem é transformado pelo terrível mago Siegfried em Cisne Branco, em uma cena belíssima, e que nos dá uma dica de como vai ser trabalhada a fotografia ao longo da película(cortes rápidos de câmera, muito uso de jogo de luzes). Quando Nina acorda, recebemos importâncias vitais sobre sua vida: ela mora com a mãe e dedica-se inteiramente ao balett, sendo parte de uma companhia de dança nova-iorquina e com aspiração de conseguir um papel de importância na mesma.
     Sua vida começa a mudar quando é escolhida pelo diretor da companhia Thomas Leroy (Cassel) para protagonizar a já citada obra, mas com uma certa peculiaridade: a protagonista teria que interpretar os  papéis antagônicos da trama, o Cisne Branco, marcado pela inocência e romantismo; o Cisne Negro, marcado pela sensualidade e malícia. Nina crê de início que não havia conseguido lograr seu grande objetivo na audiência, devido a falhas na sua interpretação, marcadas ainda por um erro, gerado pelo fato dela ter se distraído com a entrada da bela e enigmática Lily (Kunis) na sala de ensaios. Porém, para sua surpresa conseguiu o papel, o que levou ao início de todos seus problemas.
O Cisne Branco representa a técnica apurada
   Devido ao fato dos dois personagens terem características diferentes, Nina deveria desenvolver tipos de danças diferentes: para o Cisne Branco, uma dança essencialmente técnica, o que ela dominava de maneira magistral; e o Cisne Negro, que demanda uma dança mais intuitiva, baseada na espontâneidade do artista, o que ela, de maneira nenhuma conseguia desenvolver. Thomas então decide estimulá-la a produzir esta nova faceta ( e ao mesmo tempo, tirar aquela casquinha), buscando vencer o cartesianismo a que ela está submetida. Começamos então a ver elementos da vida de Nina: ela não tem vida social e nunca pareceu ter, vive sobre uma ditadura da perfeição técnica imposta por sua mãe (Hershey) , é extremamente tensa e tem seus sentimentos inibidos. Durante esse processo, aproxima-se também de Lily, dançarina em quem Thomas vê toda a leveza e sensualidade do Cisne Negro e também a sua potencial ameaça.
    Começa aí um processo que lembra muito o clássico Amadeus (1984), de Milos Forman: assim como Salieri odiva Mozart por esse ter roubado seu lugar como grande compositor, este o admirava por suas músicas técnicamente perfeitas, Nina passou a temer Lily por ser a única que poderia roubar seu papel, assim como admirá-va por ela ter as qualidades essenciais para um Cisne Negro brilhante .Depois de uma noite em que ambas saíram juntas à um night club, o que ocasionou uma briga com sua mãe; Nina acabou sendo dopada e teve uma fantasia sexual muito intensa (diria que é tão bela de se ver que não pode ser caracterizada por um só adjetivo!) com Lily. Por isso, chegou atrasada ao outro dia ao ensaio e viu que esta havia ocupado seu lugar; crendo na premeditação da mesma para tal fim mais do que nunca, .
    Cada vez mais atormentada com essa idéia, Nina passa a praticar cada vez mais sua dança, de uma maneira quase masoquista, não se importando com eventuais flagé-los físicos. Além disso, sua bizarra experiência com Lily havia despertado nela sensações totalmente novas que mostravam a existência de um verdadeiro monstro dentro de si. No dia da apresentação seu psicológico simplesmente chega ao limite e explode: ao pegar sua potencial rival em um ato sexual no teatro (que ela pensou ser Thomas), começou a ter alucinações terríveis e chegou ao ponto de agredir sua mãe. Ao se ver no espelho percebeu o surgimento de penas negras por sua pele: ela estava fiscamente se tornando no Cisne Negro, e, por fim desmaiou. Ao acordar, percebeu que estrava atrasada para a apresentação e saiu em disparada para o teatro, apesar da resistência oferecida por sua mãe, que havia visto a que ponto a busca pela perfeição a tinha desvirtuado.
O Cisne Negro representa a inspiração pura do artista
   Ao voltar a seu camarim extasiada, começa a preparae-se para o terceiro e último ato, o gran finale. Porém, alguém bate a porta.... ERA LILY! Nina então não compreende o que se sucedeu, e olha o banheiro do camarim, desesperada... vazio. Percebe então, já com a roupa de Cisne Branco, um pequeno caco de vidro em seu estômago. Em uma metalinguagem digna de gênio com a peça, Aronofsky nos mostra o que realmente aconteceu: o "Cisne Negro", o lado intuitivo de Nina, por tanto tempo latente em seu subconsciente e inibido pelo rigorismo técnico que ela infligia a si mesmo tinha se libertado; mas para fazer isso teve que matar, destruir o que toda essa técnica representava, destruir o "Cisne Branco" que havia em si, e, com isso se auto flagelar. Confesso que fui enganado por tal brilhante diretor ao achar que, mais uma vez, Nina estava delirando. Quando sobe para fazer a cena final, o sacrifício do Cisne Branco na peça, Nina estava realmente ferida. Porém, não se importando com o fato, enquanto agonizava, repetia para si mesmo: "foi perfeito". Para o Cisne Negro vencer, o Cisne Branco teve que morrer. Mozart e Salieri desenvolveram seu enigmático embate o tempo todo em sua mente.
O roteiro brinca com o espectador e o presenteia com um final fora de série
     Nem preciso dizer o quanto eu gostei desse roteiro genial. O elemento que eu achei mais sensacional foi a já citada metalinguagem: ao tratar do conflito existencial de Nina, a sua busca pela perfeição em suas duas facetas, buscou o conflito no ballet que ela desempenhava; metaforizou o conflito entre a intuição e a técnica como se fosse o dos Cisnes. Outro ponto bastante agradável é como ele trabalhou os flagelos físicos e mentais de Nina de forma ultrarrealista e, pelas suas alucinações, como ele estava debilitada ao final do processo. Não preciso nem dizer que o uso de um Plot Twist desse gabarito foi sensacional, ajudou bastante a criar um clima de suspense. Creio que a busca pela perfeição e suas formas nunca foram tão bem retratadas e matyerializadas num filme.
     Quanto a parte técnica, não tem como descrevé-la. Ela trabalha em total harmonia com o roteiro, ajudando-o a enganar o espectador quanto o que é real e o que é alucinação. Além disso, potencializa seu ultrarrealismo, ao mostrar de forma visceral (que em algumas cenas beira a escatologia) o que Nina infligia para si na busca pela perfeição. Vemos nas últimas cenas do filme uma união mais que perfeita (se isso é possível) da fotografia (belíssima), edição e trilha sonora (brilhante, desenvolvida a partir de variações da trilha original do Lago dos Cisnes feita por Clint Mansell, e pra Tchaikovsky nenhum botar defeito), efeitos especiais (empregados de maneira homeopática e em momentos cruciais, intensificaram as alucinações) e elementos do cenário. Por falar nesses, o seu uso é simplesmente brilhante, especialmente o de espelhos, que mostraram aos mais atentos que tudo não se passava de um embate interno.
A bela Mila Kunis é uma das boas surpresas do filme
    Quanto às atuações, são todas fora de série. Natalie Portman deixa o seus trejeitos de mulher forte e moderna que teve em outros filmes (V de Vingança, Closer) e desevolve uma personagem frágil e desequilibrada, tendo como ponto alto as viscerais cenas de explosão emocional, de liberação de demônios em confronto. Mila Kunis (Uma Noite Fora de Série) consegue imprimir toda a leveza ao seu personagem, mantendo sempre a aura enigmática que o roteiro demandou para sua construção. Vincent Cassel (À Deriva) desenvolve também magistralmente o ambíguo Thomas: ao mesmo tempo que quer que Nina seja um sucesso, imprime muito bem suas reais intensões (bem libidinosas, diga-se de passagem). Barbara Hershey (Hanna e suas Irmãs) também desenvolve um papel ambíguo, potencializando as duas facetas da mãe de Nina: ao mesmo tempo que exprime o quão carinhosa ela é, exala um ar ditatorial, dominador, na busca de projetar da na filha todas as suas frustrações e escolher para ela o caminho que queria seguir.
O uso de espelhos é uma dica para os mais atentos
     Coube a Darren unir todos esses elementos. E a harmonia foi total, um verdadeiro casamento. Uma história poderosa, com uma parte visual espetacular, uma trilha sonora marcante, e é claro, atuações que potencializam ao máximo os temas do enredo. Uma verdadeira expressão do cinema como arte, decido a essa harmonia; e, ao mesmo tempo um filme que constantemente mexe com o espectador, com suas crenças, sentimentos e sentidos. Uma obra-prima de um talentosíssimo diretor. Um filme que atingiu a perfeição.


QUESITOS:
Atuações: 10
Roteiro: 10
Técnica(fotografia e edição): 10
Trilha Sonora: 10
Direção de Arte (cenários, figurinos, maquiagem,etc...): 10
Direção: 10

NOTA FINAL: 10 (à enésima potência)

Proposta do Blog

Olá caros leitores. Vocês estão entrando no mágico mundo da sétima arte. Ou seria o mundo da diversão cinematográfica. Não importa, o Cinema, sendo arte ou sendo uma maneira de se divertir, seja sozinho, seja acompanhado daqueles que você mais gosta; tem grande peso na vida de todos. A proposta do blog então, é desenvolver críticas, análises de época/movimentos, perfis de personagens/atores/ diretores e é claro, os famosos TOP 10, que agradam muita gente. Estou aberto também a debates, podendo vocês postarem opniões, críticas interpretações e suas próprisas análises. Buscarerei sempre em minhas críticas mostrar se o filme tende mais pra uma expressão artística ou para o entretenimento puro, mostrando também, quando houver, os pontos de tangência entre eles. Afinal, o cinema tem duas faces, que ora se tornam uma só, ora tem traços comuns, ora são únicas. E é isso uma das coisas que o toarnam tão especial.


Um grande abraço e espero uma participação de vocês.

E como março é considerado pela sabedoria popular, o mês das mulheres, as minhas duas primeiras críticas serão sobre filmes, uma obra-prima artísca brilhante e um pipocão acima da média, protaginizados pelas filhas de Eva, e que mostram muito bem essas duas facetas. Aproveito para deixar nesse post inicial uma homenagem à uma das grande musas (e para muitos a maior) Elizabeth Taylor, falecida nesse último mês. Não farei aqui um perfil de sua obra, apenas uma singela foto e um grande agradecimento. Antes de ser uma grande atriz, era uma pessoa com caráter íntegro. As luzes da ribalta se apagaram mas você ficará sempre viva em suas obras imortais. MUITO OBRIGADO