domingo, 10 de abril de 2011

A Rede Social (2010) - O Cinema-Artigo

David Fincher mostrou-se um diretor versátil e inventivo ao longo de sua carreira. Em O Clube da Luta (1997) reviveu a filosofia no cinema da maneira mais anárquica possível em um filme complexo, agressivo e genial. Em Benjamim Button (2008) explorou esse mesmo tema filósofico de uma maneira extremamente poética e lúdica, uma verdadeira obra-prima da contemporaneidade. Em Seven (1995) e Zodíaco(2007) desenvolveu uma norma forma de fazer suspense, extremamente criativa com um diálogo firme entre a estória e o espectador. Chegamos em A Rede Social, o afastamento total e 
absoluto de um diretor de seus propósitos que o fizeram ser um artista admirado.

Nome Original- The Social Network

Diretor- David Fincher

Roteiro- Adaptado por Aaron Sorkin a partir do livro Bilionários por Acaso, de Ben Mezrich

Elenco- Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer e Max Minghella

Parte Técnica- Jeff Cronenweth (F); Kirk Baxter e Angus Wall (E); Trent Reznor e Atticus Ross (TS)

Data de Lançamento - 1 de outubro de 2010 (EUA)



   É possível fazer um filme sobre a criação do Facebook? Sim e ele está sendo lançado nas locadoras e lojas para provar isso. Agora se o filme é cinema da mais alta qualidade tenho minhas dúvidas. E são essas dúvidas que quero expor nessa crítica. Comecemos pela sinopse.
   Mark Zuckeberg (Eisenberg) é um estudante de computação de Haravard que uma noite, após brigar com sua namorada e ligeiramente acoolizado, decide se vingar da pior maneira possível. Usando de códigos e senhas para hackear os arquivos dos diferentes alojamentos da universidade cria um site parafazer comparações e rankings das mais diferentes garotas, o Facemash. O site é um sucesso instantâneo o que faz o servidor da internet do campus cair. Porque que eu descrevi essa cena, bem, ela tem uma pequena importância para o resto da trama e porque ela é simplesmente sensacional, uma entrada digna de um prato principal delicioso. Bem mas só a entrada é boa mesmo: a refeição em seu resto é bem insossa.
Cena inicial do filme: uma entrada de lamber os dedos para um prato principal requentado
  Assim passamos a ver o roteiro dividido em duas frentes: Zuckeberg frente a frente com os irmãos gêmeosWinklevoss (Hammer) e Divya Narenda (Minghella) em um processo e ao brasileiro Eduardo Saverin (Garfield) em outro; e o resto da trama nos conta como ele chegou nessa situação. A primeira é muito simples: as outras partes convidaram Zuckeberg a fazer um site de relacionamentos para alunos de Harvard se comunicarem e deram um prazo de entrega para ele elabora-lo. Zuckeberg fez, ampliou, o chamou de Facebook, estava ganhando muita grana enquanto que eles, os donos dos direitos autorais não ganhavam nada com isso. De início com duvidas quanto a processá-lo, vendo a mina de ouro que o site estava se tornando, decidiram ganhar o quinhão que era deles por direito. O segundo envolve um terceiro personagem: Sean Parker (Timberlake), que havia tentado entrar no ramo da Internet sem sucesso, decidiu se aproveitar do jovem gênio e sua lucrativa criação para ganhar o dele. O convence então a ir a Califórnia e estabelece o Facebook como empresa de maneira definitiva por lá. E aonde entra Saverin nessa história. Bem ele era o melhor amigo de Zuckerberg e foi a pessoa que deu o capital inicial necessário para começar o Facebook e tentou ainda buscar mais investimentos indo pessoalmente buscar investidores. Nesse interim também conheceu Parker e logo foi passado pra trás por ele: assinou um contrato, influenciado por este, com claúsusulas desleais que não são tirou todas as suas ações como a co-autoria do site de relacionamentos. Por isso ele deixou de confiar em Zuckeberg e entrou com uma ação para reaver o que era dele por direito. Essa é a descrição do caso meretíssimo, sem mais nada a declarar.
  Vocês caros leitores acham que seu humilde narrador está brincando: sim, essa é a história do filme, sem uma virgula a mais ( a não ser os textos que aparecem na última cena nos informando que fim levaram os litígios acima descritos). Vejam vocês a simplicidade do roteiro: nos informa sobre as origens de duas ações judiciais e só, não sai disso, não apresenta nada de novo e, nessa narrativa de quase duas horas nos apresenta como o Facebook, o objeto da ação (na verdade, os direitos sobre sua criação), foi concebido. Além disso nos apresenta uma filosofia baratíssima de como o homem que criou uma forma das pessoas se comunicarem melhor acabou, no mundo real sem amigos. Uma mensagem totalmente clichê e que não enobrece em nada os objetivos do filme, nem o tornam mais complexo: descrever os bastidores da criação da maior rede social do mundo. Se o filme é uma adaptação fiel ao livro, não sei, muito provavelmente é, mas não é um bom roteiro. Os diálogos atpe que não são ruins: neles estão as informações que o filme quer passar. Agéis, impedem que o espectador caia na sonolência e ainda demanda sua atenção.
Jesse Eisenberg como Zuckeberg: pouca versatilidade
   As atuações são o ponto mais fraco do filme. Vendo posteriormente dois filmes com participação de Jesse Eisenberg ( Zumbilândia e Férias Frustradas de Verão) comédias, percebi que ele faz o mesmo papel a três filmes: o esteriótipo de nerd meio pirado, mas nesse aqui com um ar mais sisudo e racional. É o mesma figura os três filmes. Não posso dizer que ele atua mal, sim ele convence na sua figura esteriotipada, mas mostra também a sua pouca versatilidade ao compor papéis. Talvez tenha conseguido sua indicação ao Oscar devido ao respaldo crítico que o filme teve. Armie Hammer (primeiro papel de destaque) e Max Minghella (Siryana) fazem o que manda o script. Justin Timberlake, por ser cantor de boyband de formação não faz idéia do que está fazendo no filme, destruindo totalmente qualquer credibilidade que poderia ter fora do ramo musical. O melhor mesmo é Andrew Garfield (o novo Peter Parker), que mostra bastante versatilidade para compor este que talvez, é o personagem mais bem construído pelo roteiro roteiro fraco: ele realmente consegue conquistar a empatia do público.
  Talvez a parte técnica seja o melhor aspecto do filme. A fotografia é bem trabalhada com boas tomadas tanto de close quanto mais panorâmicas, os giros e cortes dão agilidade ao filme e aos diálogos. A montagem então, é acima da média: a idéia de fazer o filme em flashback com uso extensivo deste recurso desperta uma curiosidade do espectador na trama pobre e conservadora, dando-lhe uma roupagem moderna. Quanto a produção de arte, totalmente dentro de padrões, é boa, mas não enche os olhos e nem provoca a admiração do espectador, mais do mesmo e se encaixa bem no que a trama demanda. A trilha sonora talvez seja o grande ponto negativo do filme, é um verdadeiro contraponto a narrativa ágil do mesmo: sonolenta acima de tudo, não se conecta ao espírito do filme. Deve ter ganho o Oscar por ter a composição mais elaborada.
Andrew Garfield é a grande surpresa nas atuações pobres do filme
   David Fincher porém não decepciona. Consegue conectar esses elementos falhos e nos apresentar um um filme leve e divertido, com um certo conteudo de "curiosidades" para debatermos em bate-papos trivais. Em termos gerais, racional e vazio, sem nenhum ponto de conexão verdadeiramente forte para com o espectador, a não ser uma certa curiosidade de entrar na Wikipédia depois da sessão e saber um pouco mais sobre os personagens reais envolvidos. O resultado final é bom e ainda maquia os problemas da obra, especialmente para os olhos menos atentos. Um filme ótimo como um passatempo um pouco mais sofisticado, mas longe de atingir as pretensões que queria: inscrever-se na calçada da imortalidade do Oscar.  Realmente, um trabalho que poucos conseguem, uma coisa que só um gênio como Fincher conseguiu fazer e que lhe rendeu prêmios mundo afora. E justiça seja feita, Tom Hooper coroar sua curta carreira cheia de perspectivas com um Oscar foi bem melhor que dar ao célebre diretor aqui citado seu prêmio máximo por um filme que não mostra  toda a sua capacidade atrás de uma câmera, mas uma capacidade muito boa de esconder problemas
  Assim chegamos ao fim da análise: um filme cheio de falhas,mas que foi tão bem camuflado que se tornou um potencial ganhador de Oscar e um ótimo filme para entreter com classe e inteligência. Ele se adapta bem ao gosto do público moderno: diverte e ainda narra um acontecimento atual e que atinge diretamente o espectador. Lança talvez um novo paradigma no cinema, um paradigma em que a narrativa se aproxima de um artigo de jornal ou períodico: direto com a informação, que nada mais é o que o leitor/espectador quer, entretanto vazio com a arte e os sentimentos que devem estar em toda obra imortal do cinema.

QUESITOS:
Atuações: 5
Roteiro: 6,5
Técnica(fotografia e edição): 10
Trilha Sonora: 6
Direção de Arte (cenários, figurinos, maquiagem,etc...): 8
Direção: 9

NOTA FINAL-7,5


Gostou da nota, Zuckerberg? 
   

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